Em Fátima, os bispos portugueses manifestaram «total desacordo» com a alteração legislativa sobre «as barrigas de aluguer» e apelaram à participação dos cristãos nas eleições europeias
Em Fátima, os bispos portugueses manifestaram «total desacordo» com a alteração legislativa sobre «as barrigas de aluguer» e apelaram à participação dos cristãos nas eleições europeiasOs bispos portugueses estão em total desacordo com a proposta de alteração legislativa no sentido da legalização da maternidade de substituição (vulgarmente conhecida por barriga de aluguer). Tal posição foi conhecida esta quinta-feira, 1 de maio, em Fátima.

No comunicado final da 184a assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), realizada de 29 de abril a 1 de maio, lê-se que estando em apreciação na assembleia da República uma proposta de alteração legislativa no sentido da legalização, em determinadas condições, da maternidade de substituição, os bispos não podem deixar de manifestar o seu total desacordo a essa proposta.

a natural aspiração à maternidade não pode traduzir-se num pretenso direito ao filho, como se este pudesse ser reduzido a instrumento, consideram os bispos portugueses. Segundo os prelados, a criança nascida de uma mãe contratualmente obrigada a abandoná-la não pode deixar de sofrer com o trauma desse abandono, conhecidos que são, cada vez mais, os laços que se criam entre mãe e filho durante a gestação.

De acordo com os bispos portugueses, a mãe gestante não pode, também ela, ser instrumentalizada e reduzida a uma incubadora, como se a gravidez não envolvesse profundamente todas as dimensões da sua pessoa e a obrigação de abandono do seu filho não contrariasse o mais forte, natural e espontâneo dos deveres de cuidado. a experiência revela que só o desespero de mulheres gravemente carenciadas as leva a aceitar tão traumatizante prática, sendo ilusório pensar que o fazem de bom grado ou gratuitamente, acrescentam os prelados.

a proximidade das eleições para o Parlamento Europeu, as quais estão marcadas para o dia 25 de maio, levou os bispos portugueses a publicar a nota pastoral Votar por uma Europa melhor, na qual exortam à participação dos cristãos e de todos os que estão abertos a ouvir a voz da Igreja nesse ato eleitoral. Para os prelados, estas eleições são uma particular ocasião que todo o cidadão responsável deve aproveitar para, pelo seu voto, contribuir para a construção de uma Europa mais aberta e inclusiva, que justamente privilegie os mais pobres e marginalizados, que promova o diálogo inter-cultural e defenda a liberdade religiosa, em que a economia e as finanças não se arvorem em governo autocrático, mas sirvam a pessoa humana e o bem comum.