O Instituto Nacional de Estatí­stica revela na sua página que os portugueses têm menos poder de compra que em 1974. Portugal continua a ser o terceiro mais pobre da Zona Euro, tendo superado a Grécia, mas ultrapassado pela Eslováquia
O Instituto Nacional de Estatí­stica revela na sua página que os portugueses têm menos poder de compra que em 1974. Portugal continua a ser o terceiro mais pobre da Zona Euro, tendo superado a Grécia, mas ultrapassado pela EslováquiaO primeiro-ministro Passos Coelho relançou a discussão sobre a melhoria do salário mínimo nacional em 06 de abril passado. Mesmo que seja atualizado para 500 euros, continuará a ficar abaixo do praticado em 1974. Uma das primeiras medidas após a Revolução foi a criação do salário mínimo nacional (SMN) fixado em 3. 300 escudos. Corresponde a 16,5 euros em moeda atual, valor que sujeito à conversão com base no índice de preços do consumidor de 2013, na página do Instituto Nacional de Estatística (INE), equivale a 534,75 euros. Desde 2011, o valor do salário mínimo nacional é de 485 euros por mês, menos de 49,75 euros do que a remuneração fixada em maio de 1974, o que significa que os beneficiários perderam poder de compra face há 40 anos.

No ano passado, os portugueses tinham um poder de compra de 76% em relação à média da União Europeia, diminuindo 1,4 pontos percentuais entre 2011 e 2012. Em termos europeus, Portugal está no fundo da cauda, apenas à frente da Grécia e da Estónia e a um nível semelhante da Eslováquia. É o valor mais baixo de sempre desde 2001, ano em que começou a ser calculado este indicador. Este dado foi revelado quinta-feira, 10 de abril, pelo INE e mostra que Portugal continua a ser o terceiro país mais pobre da União Europeia, tendo em conta este ranking do PIB per capita ajustado ao poder de compra.

Segundo os últimos números apresentados pelo INE, temos 10,5% dos trabalhadores com emprego a viver abaixo do limiar de pobreza. Convém recordar que no último ano a pobreza aumentou 3,3 pontos percentuais na população ativa. Há quem defenda, empresários medíocres, que é necessário pagar baixos salários para que as empresas possam ser competitivas. a verdade é que a produtividade só aumenta quando o trabalhador é devidamente remunerado. Não será porventura o caso da China, por exemplo, mas estamos a falar de países europeus, onde a cultura é outra e as leis de mercado são diferentes. Não pagar o justo pelo trabalho produzido equivale mesmo a uma violação dos direitos humanos. Éevidente que apenas é possível pagar melhores remunerações desde que o todo da economia cresça. Para isso o Governo português tem algo a dizer, ou antes a fazer, que é criar as condições para o desenvolvimento económico do país. Sem políticas adequadas não é possível o crescimento.

Pior que os baixos salários que são pagos em Portugal é o desemprego. Mas este não é uma prioridade nas políticas de responsabilidade social das empresas portuguesas. Parece que dos governantes também não. Seráa pobreza, os deficientes, o ambiente, os idosos, os sem-abrigo, mas não o desemprego. Poderemos mesmo afirmar que o desempregado está por sua conta e risco, salvo casos pontuais. É necessário que não se perca o sentido de justiça, quer no que respeita aos trabalhadores no ativo, quer para com aqueles que estão desempregados e que sofrem as mais negras privações na sua generalidade.