Eugenia Bonetti, missionária da Consolata e presidente de uma associação que luta contra o tráfico de seres humanos para fins de exploração laboral e sexual vai ser condecorada com a Ordem de Mérito da República Italiana

Eugenia Bonetti, missionária da Consolata e presidente de uma associação que luta contra o tráfico de seres humanos para fins de exploração laboral e sexual vai ser condecorada com a Ordem de Mérito da República Italiana
aproveitando a comemoração do Dia Internacional da Mulher, o Presidente da República italiano vai condecorar a religiosa Eugenia Bonetti, no sábado, 8 de março, com a Ordem de Mérito da República Italiana, numa cerimónia que se realiza no Palácio Quirinale, em Roma. a distinção visa reconhecer as duas décadas de trabalho da missionária em defesa de milhares de mulheres que foram vítimas de violência, abuso sexual, exploração e tráfico. Numa mensagem enviada aos familiares, amigos e companheiras de trabalho, Bonetti diz não entender a condecoração como um reconhecimento pessoal, mas como um prémio para todas as religiosas que nas últimas décadas têm oferecido os seus serviços com compaixão, aceitação e sentido de recuperação em diversos campos: nas ruas, nos centros de escuta e de acolhimento. Muitas destas freiras, destaca Eugenia Bonetti, trabalham em rede com outras religiosas, nos países de origem e de trânsito, ajudando a prevenir o fenómeno e criando condições para receber e reintegrar muitas vítimas jovens, numa difícil tarefa de lhes devolver a identidade e dignidade. Porém, o esforço e os compromissos entre associações voluntárias, religiosas e agências do governo, nem sempre tem dado os resultados pretendidos, pois os traficantes vão mudando as formas de recrutamento e exploração, tornando cada vez mais difícil quebrar os anéis desta cadeia terrível de escravidão humana. Na cerimónia de condecoração, Bonetti, que dirige a associação Slaves no More, levará consigo uma das muitas mulheres que experimentaram a dor da exploração e escravidão, e posteriormente, a libertação e reintegração na vida social italiana. Trata-se de uma jovem que foi levada para Itália por um tio, aos 14 anos, e foi vendida a uma meretriz, que a obrigou a vender o corpo na rua. Resgatada pela polícia, viveu quatro anos num lar para crianças sem nenhum contacto com a família. Graças à rede de parcerias com os países de origem, as religiosas conseguiram encontrar a família da jovem, ao fim de seis anos. É um dos muitos casos que confirmam a importância do trabalho em rede, para que se consigam alcançar objetivos por vezes impensáveis, conclui a missionária da Consolata.