Revi tudo isto à medida que fui lendo a mensagem do Papa para a Quaresma 2014, que parte precisamente desta verdade que «Deus não se revela através dos meios do poder e da riqueza do mundo, mas com os da fragilidade e da pobreza»
Revi tudo isto à medida que fui lendo a mensagem do Papa para a Quaresma 2014, que parte precisamente desta verdade que «Deus não se revela através dos meios do poder e da riqueza do mundo, mas com os da fragilidade e da pobreza»Quem não recorda os primeiros gestos do Papa Francisco? Na sua residência, no seu modo de vestir, na sua proximidade quotidiana junto das pessoas. Sem luxos nem adereços, com simplicidade e coerência, os gestos continuam e surpreendem o mundo. Um estilo diferente não para que vejam, mas por profunda convicção de quem sabe que é esse o caminho. Revi tudo isto à medida que fui lendo a mensagem do Papa para a Quaresma 2014, que parte precisamente desta verdade que Deus não se revela através dos meios do poder e da riqueza do mundo, mas com os da fragilidade e da pobreza. Porque a Igreja, e portanto os cristãos, do Papa ao último fiel, terão que ser como Cristo que, sendo rico, se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza. Não tenho dúvidas: é este o coração da mensagem. Ser como Cristo, não como os senhores do mundo. Não há príncipes na Igreja, há servidores dos filhos de Deus, que são todos. Não são os esplendores da riqueza humana a tornar credível o Evangelho, mas os esplendores mais luminosos da simplicidade, da humildade, do acolhimento de quem sofre e de quem vive na pobreza e na solidão. Francisco diz que este é o tempo do despojamento da mundanidade e ocasião propícia para uma renovação da Igreja e da sociedade em geral. Far-nos-á bem questionar-nos acerca do que nos podemos privar a fim de ajudar e enriquecer a outros com a nossa pobreza, diz textualmente o Papa, avisando que a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói. É com este espírito que os cristãos são chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a ocupar-se delas e a trabalhar concretamente para as aliviar. Que misérias? Francisco resume-as a três tipos. a miséria material que atinge todos aqueles que vivem numa condição indigna da pessoa humana: privados dos direitos fundamentais e dos bens de primeira necessidade. a miséria moral, que consiste em tornar-se escravo do vício e do pecado, e que toca também os que se veem constrangidos por condições sociais injustas, por falta de trabalho que as priva da dignidade de poderem trazer o pão para casa, por falta de igualdade nos direitos à educação e à saúde. a miséria espiritual que nos atinge quando nos afastamos de Deus e recusamos o seu amor, ou quando julgamos que não temos necessidade dele. Francisco convida a Igreja a imitar Cristo, abrindo corajosamente novas vias de evangelização e promoção humana, tornando-se com Ele anunciadora da mensagem de misericórdia e esperança que console os corações dilacerados e dê esperança a tantos irmãos e irmãs imersos na escuridão.