O cardeal filipino Orlando Quevedo afirmou: « a Igreja é uma comunidade de seguidores de Cristo que foi o pobre, o Cristo que anunciou o reino às pessoas pobres, que escolheu os pobres para serem seus discípulos »
O cardeal filipino Orlando Quevedo afirmou: « a Igreja é uma comunidade de seguidores de Cristo que foi o pobre, o Cristo que anunciou o reino às pessoas pobres, que escolheu os pobres para serem seus discípulos »

Orlando Quevedo, que administra a diocese de Cotabato, localizada no sul da ilha filipina de Mindanao, recebeu no passado dia 22 das mãos do Papa um anel, símbolo do novo compromisso universal com a Igreja, e o solidéu cardinalício, vermelho como o sangue dos mártires que deram a vida para defender a fé. Em entrevista coletiva no Pontifício Colégio Filipino, em Roma, falou de uma visão asiática da Igreja construída sobre as comunidades eclesiais de base com um estilo colaborativo de liderança. Esta visão de Igreja é importante para a visão do Papa Francisco, que está olhando para a periferia, em vez de olhar para o centro, afirmou.

O novo cardeal especificou melhor o seu conceito de Igreja quando lembrou: O trajeto de Jesus Cristo foi um trajeto junto dos pobres. Hoje, a Igreja tem riquezas, instituições, mas eu gostaria de pensar que a única maneira pela qual a Igreja poderia redimir estes recursos, bem como as suas instituições, seria alocá-los no serviço da justiça e dos empobrecidos por amor ao reino de Deus.

Quevedo disse que a ideia de a Igreja se tornar uma Igreja para os pobres não é alheia ao início e ao núcleo daquilo que a Igreja deve ser. a Igreja é uma comunidade de seguidores de Cristo, afirmou. E Cristo foi o Cristo pobre, o Cristo que anunciou o reino às pessoas pobres, que escolheu os pobres para serem seus discípulos.

Creio que a Igreja deveria ser assim, disse ele. Isso é fácil? (Não, é) difícil. Tem que haver uma mudança radical na mentalidade dos leigos, do clero, dos religiosos e religiosas, dos bispos: uma mudança radical de mentalidade e uma mudança radical no uso das instituições. Precisamos, porém, dar o primeiro passo.

Não estamos a falar de uma mudança de doutrina, acrescentou. Trata-se de uma mudança de ponto de vista, uma mudança do lado no qual a Igreja está. Deve estar ao lado dos ricos e poderosos, ou junto dos empobrecidos e dos mais fracos?.

a arquidiocese de Cotabato, de onde provem o novo purpurado, é conhecida pela luta contra os altos índices de pobreza e pela proporção quase igual de católicos e muçulmanos (48 e 47 por cento respetivamente), mais de 50 por cento das pessoas da sua arquidiocese vivem na pobreza. Convém lembrar as palavras do papa Francisco aquando da nomeação dos 18 cardeais no passado dia 22: a Igreja precisa da vossa colaboração, e ainda mais da vossa comunhão, comunhão comigo e entre vós. a Igreja precisa da vossa coragem para anunciar o evangelho em todas as ocasiões, oportunas ou inoportunas, e para dar testemunho da verdade.

Já na carta que lhes escreveu, logo após a nomeação, em janeiro, o Papa lembrava que ser cardeal não significa uma promoção, uma honra ou uma condecoração, mas um serviço que exige uma visão mais ampla e um coração maior.

Francisco continua a seguir e a orientar a linha de vida, cujo exemplo pôs em prática ainda em Buenos aires quando dedicava grande parte do seu trabalho aos mais desafortunados. até na nomeação dos novos cardeais surpreendeu o mundo ao dar visibilidade a representantes de zonas do globo mais desfavorecidas. É positivamente o caminho de uma nova Igreja que Francisco pretende, mais simples e discreta, mas voltada para os mais pobres.