« a arte de cuidar é absolutamente atual. Nunca foi tão atual», afirmou Carlos Liz no Centro Paulo VI, em Fátima, perante algumas centenas de consagrados

« a arte de cuidar é absolutamente atual. Nunca foi tão atual», afirmou Carlos Liz no Centro Paulo VI, em Fátima, perante algumas centenas de consagrados
Foi neste primeiro dia de março, à tarde, que teve início a 29a Semana de Estudos sobre a Vida Consagrada que reúne algumas centenas de religiosas e religiosos à volta de um tema muito oportuno e exigente: a arte de cuidar na Vida Consagrada: cuidar de si mesmo, dos irmãos e da terra. O tema foi extraído da homilia do Papa Francisco na Missa inaugural do seu Pontificado, a 19 de março de 2013: Guardar a criação inteira respeitar todas as criaturas de Deus e o ambiente onde vivemos. Guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas e de cada uma delas, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são os mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. Cuidar dos outos na família Cuidar de nós mesmos guardar com amor os dons que Deus nos concedeu. O pontapé de saída da Semana de Estudos foi dado por Carlos Liz, especialista em estudos de mercado, sobejamente conhecido nos ambientes da Vida Consagrada e nas atividades da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), a entidade que promove a Semana, que se prolonga até ao dia 4 do corrente mês. Esta questão/arte de cuidar é absolutamente atual, nunca foi tão atual, começou por dizer Carlos Liz, congratulando-se com a escolha do tema. Porque nunca paradoxalmente como hoje há necessidade de aproximar as pessoas neste mundo de tensões, pulsões e de instituições duras. Usando a metáfora do mundo do futebol, o conferencista afirmou que estamos no intervalo do jogo, onde o treinador, o special one é alguém que nos dá instruções sobre como jogar na segunda parte com as alterações táticas, que forem necessárias. Sendo esta uma Semana de Estudos, pode ser motivador verificar como está o jogo, observou Carlos Liz, acrescentando que o mundo está decididamente em aberto sobre o sentido para a vida. É um mundo que tem um defeito que se chama relativismo, mas que é ocasião para quem tem coisas para apresentar. aliás, acrescentou, não devemos ter medo do relativismo, porque temos as nossas convicções a propor com uma argumentação cuidada. O seu ponto de partida foi o termo cuidar, uma palavra rica em sentidos para a qual o orador encontrou pelo menos trinta sinónimos que colocou numa copa de rebuçados. Cuidar a sério pressupõe crer, acreditar (no Homem, na gramática da Criação, na infinita Bondade do Criador) e depois há um percurso a fazer, uma escada a subir (ou descer) com cinco degraus. O primeiro passo é ter atenção, interessar-se pela realidade de forma genuína. O segundo passo é imaginar ou cogitar sobre o outro e a sua situação com uma vontade de transformação. O caminho conduz depois para o femençar (verbo curioso) que implica trabalho e mobilização dos outros. É um cuidar por outros e sempre com outros. Mobilizar outros, outros de outras paragens que não parecem nossos. E isto é arte para a qual é preciso acreditar. Finalmente o último passo é resolver que dá sentido àquilo que se vive. Objeto explícito do cuidar é a vida. Cuidar da vida no mundo de hoje, mundo que é tudo menos um mundo resolvido, onde o jogo está em aberto. Onde tudo se articula, nesta sociedade em rede: a economia, as finanças, a política, a democracia. Um mundo em aberto, um mundo que precisa do religioso para enfrentar o tema da sustentabilidade.