«O Senhor é a minha esperança, a minha força e a minha salvação, com ele não vacilarei», cantamos no Salmo Responsorial

«O Senhor é a minha esperança, a minha força e a minha salvação, com ele não vacilarei», cantamos no Salmo Responsorial
Vivemos num tempo de angústia, a angústia que pode definir-se como uma ansiedade terrível, grande padecimento moral, profundo desespero, ânsia agonizante. Muitas podem ser as causas da angústia. Sem dúvida, a situação económica por vezes humanamente degradante, a falta de valores morais e espirituais, o estado precário da família em geral, a confrontação caótica dos partidos políticos a dilanearem-se uns aos outros em vez de se unirem para a solução da crise, a instabilidade do matrimónio, o desnorteamento de um bom número de jovens, e outras circunstâncias da vida na sociedade de hoje: estas e outras situações podem levar várias pessoas a sofrerem desta forma de desorientação psicológica que leva à falta de esperança e de confiança. a angústia surge por vezes também em pessoas que colocam a sua confiança em coisas ou indivíduos que não podem dar um sentido de realização plena à vida. Que dizer do facto que em Portugal há atualmente uns dois milhões e meio de pessoas que vivem em pobreza extrema! até na oração depois do Pai Nosso da Missa pedimos a Deus que nos livre do pecado e de toda a perturbação’- realidades produtoras de angústia. Já Isaías, no século oitavo antes de Cristo, exprimia o lamento de Sião: O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-me (cap 49,14). Mas surge aqui uma ratoeira que pode levar o cristão a escorregar pela rampa que leva à ansiedade. O cristão é um servidor. até Cristo dizia, Eu vim para servir, não para ser servido (Mat 20,28). O problema consiste em: que ou quem é que nós servimos? É este o problema central apontado por Cristo no Evangelho deste domingo, ao dizer: Ninguém pode servir a dois senhores Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Não que o dinheiro seja mau; é, pelo contrário, necessário para uma vida decente. O que é preciso é que a pessoa não se torne escrava do dinheiro. Servindo a Deus, mesmo no tempo da dificuldade, tem a pessoa a capacidade de sempre renovar a sua confiança naquele Deus que nos ensina a pedir-lhe o pão de cada dia. a esperança gera a confiança n’Ele, e a confiança não engana. Deus é amor, e por isso ama os que n’Ele confiam e depois fazem o que podem.como sempre, há uma condição: Procurai primeiro o Reino de Deus, e tudo o resto vos será dado por acréscimo (Mat 6,33). Para nos enchermos desta vontade otimista, nada melhor que reler a 1a leitura da Missa deste domingo, pois é Deus que nela nos fala: Pode a mulher esquecer a criança que amamenta e não ter compaixão do fruto das suas entranhas? Pois, ainda que ela o esquecesse, nunca me eu esqueceria de vós! (Isaías 49,14). Mais ainda: quando o cristão se torna apóstolo-missionário da alegria, especialmente para com os que mais sofrem, é então que Deus abunda em generosidade. No Senhor, a esperança não morre: cresce, viceja e frutifica.