a nossa sociedade não está estruturada para atuar pela positiva. O «não» tem um peso que abate as boas vontades de qualquer um. Não me digam o que não posso fazer, mas sim o que posso e devo fazer
a nossa sociedade não está estruturada para atuar pela positiva. O «não» tem um peso que abate as boas vontades de qualquer um. Não me digam o que não posso fazer, mas sim o que posso e devo fazer

Toda a nossa vivência quotidiana está repleta de nãos impostos por quase tudo e todos. Só encontramos (ou ouvimos) um sim, quantas vezes, por mero e fortuito acaso. Não é decididamente disso que precisamos, mas antes de um posicionamento que todos, e sobretudo cada um de nós, assumam positivamente. Porque será que isto acontece? Muitas e infindáveis razões poderão ser aduzidas, pois quando até o ditado popular diz: Para baixo todos os santos ajudam, que poderíamos esperar?

Não é impossível viver o dia a dia com ação e pensamento positivo, mas também não é fácil encará-lo dessa forma, especialmente quando as dificuldades se acentuam. Contudo, quanto mais dura é a vida, mais necessário se torna contornar o negativismo.

Certamente que os psicólogos têm respostas mais concretas em relação a este tipo de comportamento, nós preferimos optar por explicações simples e compreensíveis. O ser humano tem necessidades próprias e, naturalmente, preocupa-se em primeiro lugar com a sua subsistência e dos seus. Quando não o consegue opta por duas saídas: luta por consegui-lo ou aceita a derrota e passa à fase da lamentação, com todas as desculpas possíveis e imaginárias, na tentativa de esconder a sua incapacidade.

Um exemplo, entre tantos outros que poderíamos apresentar: um individuo foi despedido, por qualquer motivo, a idade e/ou as capacidades já não servem à entidade patronal, o empregador faliu ou diminuiu pessoal, era funcionário público e teve que abandonar. a situação pode ser um problema grave para ultrapassar, mas não é uma fatalidade que não possa vir a ter solução.

Chegados a uma etapa destas teremos que fazer das tripas coração, como diz o povo, ou seja, definir novos objetivos possíveis e concretos para vencer a nossa própria crise e acreditar que somos capazes. Eu quero, posso, portanto eu consigo, poderia ser o lema, mesmo que tal exija mudança, aprendizagem, superações individuais que, muitas vezes, são precisas para atingir os objetivos. Os esforços interiores e exteriores terão de ser superiores à nossa própria compaixão perante uma situação desastrosa que nos atingiu.

Coragem poderá ser a palavra mais correta para definir a forma como teremos de enfrentar a desdita que nos possa bater à porta. Naturalmente que na atual situação de crise ouvimos continuamente lamentos, muitos com razão, mas o que se passa à nossa volta, sendo importante, não deve impedir-nos de forçar a procura de novos caminhos.

O acreditar que é possível encontrar soluções é, já por si, um bom princípio. Depois é necessário partir para a luta. Não tenhamos vergonha de pedir ajuda, se tal for necessário, desde que façamos a nossa parte (e isto de fazer a nossa parte é mesmo o mais importante). É certo que em tempos de crise, Fátima recebe mais peregrinos, ou visitantes. Facilmente se deduz o porquê. as pessoas veem junto de Nossa Senhora pedir a sua proteção e ajuda, normalmente por motivos materiais, mas também outros. É uma questão de fé, mesmo que menos perfeita. as pessoas em aflição podem ter dificuldade em distinguir e agarram-se à Virgem confiantes em que os seus pedidos sejam atendidos, é nosso dever respeitar. Mas nós, enquanto cristãos, não podemos alhear-nos do sofrimento dos outros, pelo contrário, devemos colaborar dentro das nossas possibilidades em minorar o seu sofrimento, não apenas por palavras ou orações, mas pela ação desinteressada e sincera.