após um quase interminável mergulho no macromundo que nos rodeia, muitas pessoas ficam quase enjoadas ou perdidas nas mil e uma possibilidades e oportunidades que a aldeia global lhes oferece
após um quase interminável mergulho no macromundo que nos rodeia, muitas pessoas ficam quase enjoadas ou perdidas nas mil e uma possibilidades e oportunidades que a aldeia global lhes ofereceHá tantos livros para ler ou filmes para ver, tanta roupa e calçado para estrear, tantas viagens para fazer e comida para saborear, tantos pobres para ajudar e pessoas para compreender, tantos antidepressivos para experimentar e, finalmente, tantos vazios a preencher. Se é verdade que o macromundo exterior faz parte da nossa realidade, não podemos descuidar o micromundo interior que esconde as respostas essenciais para manter o equilíbrio com o mundo que nos rodeia, sem perder o sentido do caminho, que cada ser humano é chamado a percorrer para experimentar a verdadeira felicidade. Que faço eu? É a pergunta que mais vagueia na consciência humana. as grandes complicações diante deste questionamento começam quando procuramos as respostas nos sítios errados. Facilmente confundimos dever com profissão e vocação. O dever não é mais que o compromisso parcial e concreto que uma pessoa assume perante alguém, a família, o trabalho ou a sociedade. Pessoalmente acho que não existem, como algumas pessoas pensam, categorias do dever, segundo o papel que se tem na família ou sociedade. O nosso papel, profissão ou status social não dão grandeza ao dever que assumimos cumprir. alguém pode ser carpinteiro ou médico, mas isso não qualifica o seu dever. O que realmente conta é como cumpre o seu dever ou o compromisso assumido a partir do seu papel na vida. No fundo, o que quero dizer com isto, é que, fazer bem uma coisa ou ser bom nisto ou naquilo não significa necessariamente que encontrámos o sentido da nossa existência. Nós não somos o dom ou o talento recebido; eles fazem parte de nós como lanternas que nos podem ajudar a encontrar o caminho. Confundir profissão com vocaçãoOutra grande lacuna que encontrei no caminho do conhecimento do micromundo interior, especialmente no mundo juvenil, é a confusão entre profissão e vocação. Isto tem gerado nos últimos tempos uma grande angústia existencial para quem busca descobrir com seriedade o seu lugar no mundo. Profissão e vocação não são a mesma coisa. Eu gosto de dizer: São duas formas de trabalhar. Geralmente a profissão não compromete a vida pessoal. Podes ser um grande contabilista mas isso não garante a excelente gestão das emoções pessoais. a profissão tem um tempo de validade que pode ser determinado pela reforma, por um acidente ou pelo desemprego. Mas o que é verdadeiro e real é que depois da reforma a pessoa continua a existir, e portanto a profissão pode sustentar parcialmente o sentido de felicidade na própria procura. Quando se trata de vocação, a pessoa vive uma dupla experiência: de sentir que alguém chama e de sentir-se chamado. O mais bonito e grandioso desta experiência transpessoal é o facto que a vida é vista como uma missão a cumprir. Se a vocação tem a ver com a transcendência, na missão juntam-se a ação (dons, talentos, capacidades, profissão) e a fé. Fidelidade à missão recebida por vocação juntamente com a fé é a fórmula exata para a experiência da felicidade transcendente e duradoira do ser. Em síntese, perante a grande pergunta O que é que eu faço?, é justo e necessário confrontar-se com a trilogia dever-profissão-vocação para detetar onde estão as carências e os vazios que precisam de atenção e cuidado no próprio mundo interior.