é bonito ver que há imensa gente que se dedica a ações de voluntariado, procurando através de gestos diários melhorar as condições de vida das pessoas
é bonito ver que há imensa gente que se dedica a ações de voluntariado, procurando através de gestos diários melhorar as condições de vida das pessoasNós missionários somos testemunhas de tudo aquilo que se faz neste campo tanto aqui como além fronteiras. E é consolador ver que, nas situações de precariedade em que vivemos, há famílias, grupos, movimentos, onde as pessoas se apoiam mutuamente e procuram saídas solidárias para a crise. Já se dizia dos primeiros cristãos que entre eles não havia nenhum indigente, porque estavam atentos às situações de necessidade das pessoas. a Igreja Católica, aliás, como diz o Papa Francisco, é uma instituição credível perante a opinião pública, fiável no que diz respeito ao âmbito da solidariedade e preocupação pelos mais indigentes. a crise que nos aflige, diz ele, não é apenas económica e financeira, mas tem raízes numa crise ética e antropológica. E porquê? Porque se colocam os ídolos do poder, do lucro, do dinheiro, por cima dos valores da pessoa humana quando deveria ser precisamente o contrário: o ser humano deve estar acima dos negócios, da lógica e dos parâmetros do mercado, para que cada pessoa tenha a possibilidade de viver dignamente e participar ativamente no bem comum. Enquanto não se voltar, neste e noutros domínios, à centralidade do ser humano, não há possibilidade de resolver a crise. apesar dos importantes recursos da natureza, o fenómeno do desemprego, por exemplo, alastra de forma preocupante e faz aumentar o número de pobres em vastas zonas do nosso planeta. Tudo isso está a demonstrar que existe alguma coisa que não está bem. Daí a exigência de reconsiderar a solidariedade não já como simples assistência aos mais pobres, mas como reconsideração global de todo o sistema, como busca de vias para o reformar e corrigir de modo coerente com todos os direitos fundamentais do homem, de todos os homens. a solidariedade, diz Francisco, não é só uma atitude, não é uma esmola social, mas um valor social. Não é um vago sentimento de compaixão, mas um estilo de vida e uma preocupação permanente de uns pelos outros no tecido da família humana. Se, em vez dos mercados ou do sistema bancário, a pessoa estiver no centro das atenções, então seremos capazes de ver os outros – pessoa, povo ou nação – não como um instrumento qualquer, de que se explora, a baixo preço, a capacidade de trabalho e a resistência física, para o abandonar quando já não serve; mas sim, como um nosso semelhante’, e auxiliar’, que se há de tornar participante, como nós, no banquete da vida, para o qual todos os homens são igualmente convidados por Deus (João Paulo II). É este o tempo de solidariedade a sério, porque sem solidariedade não há sociedades justas.