Nunca, como agora, se nota tanto a ausência de valores morais que são inerentes a uma sociedade autêntica. Basta olhar em redor, ver como as pessoas falam, reparar como agem e logo constatamos que é óbvio
Nunca, como agora, se nota tanto a ausência de valores morais que são inerentes a uma sociedade autêntica. Basta olhar em redor, ver como as pessoas falam, reparar como agem e logo constatamos que é óbvio

Quer queiramos ou não, a sociedade em que todos estamos inseridos é regulada por leis da República que condicionam não só o conjunto de cidadãos, mas também o seu modo de proceder e os limites como tal. Desde tempos imemoriais que isso aconteceu com os diversos tipos de poder (governação) que assumiram esse papel, independentemente dos ideais que tinham ou transmitiam ou que outros perfilhassem. a verdade, que é um princípio inerente ao espírito do ser humano e que como tal deveria ser cultivado, foi sendo encarada de acordo com os interesses individuais ou de grupo, utilizada ou não, mas tendo em vista os fins pretendidos.

De uma virtude considerada ética passou a um meio suplementar ou dispensável, quando não utilizada para fins menos próprios, tendo mesmo prescrito na consciência de muita gente para quem a verdade era empecilho às suas pretensões. Do plano individual rapidamente foi assumida no coletivo, passando a ser também preterida nos partidos políticos, nas diversas classes sociais, nos grupos económicos e por aí adiante. atualmente são poucos os que defendem a verdade e menos aqueles que a praticam, ou seja, há uma descarada apologia da mentira, mesmo que encoberta. E esta situação mina tudo e quase todos, embora com exceções que apenas confirmem a regra.

Há um setor da sociedade em que é notório, diríamos mesmo provocante, a fuga à verdade e que levou este país para uma situação excessivamente frágil, provocando injustiças sociais e tudo que ela acarreta, estamos a referirmos à classe política em Portugal. após o golpe militar do 25 de abril, que abriu caminho à democracia, também surgiram as liberdades individuais e novos conceitos de moralidade ou a ausência dela, pensando alguns que tudo era permitido. Os partidos políticos foram moldando a democracia aos seus interesses, quando o deviam ter feito em função do sociedade e do povo em geral.

Hoje, grande parte das pessoas não acreditam nos políticos e nós sabemos porquê. Para atingirem os seus fins, pessoais ou de grupo, tudo fazem para nos ludibriar, utilizando meias verdades ou falsidades e que acabaram por levar este país à ruina, embora tenhamos que lhe acrescentar também uma elevada dose de irresponsabilidade. as campanhas eleitorais que deveriam servir para esclarecer as pessoas, acabam por redundar num cardápio de promessas que dificilmente serão cumpridas, independentemente dos partidos ou políticos que as fazem, como tem acontecido. Políticos sérios começam a ser uma raridade, mas isso não quer dizer que não existam, precisamos é que eles o demonstrem.

as razões de queixa dos portugueses são reais e cruéis: pobreza mais acentuada em contraponto aos ricos ou muito ricos, desemprego que gera mais pobres ainda e que desencadeia situações de desnorte difíceis de ultrapassar. E tudo isto porque não foram suficientemente honestos para dizer a verdade. a pergunta que se impõe neste momento é simples, vamos continuar a acreditar nesta gente que nos diz que dentro de pouco estaremos melhor? Mas como, se no dia a dia verificamos que está a acontecer o inverso?

apesar da desolação que nos poderá causar, há necessidade de não perdermos a esperança e sermos mais participativos com o nosso testemunho de cristãos: a verdade, essa se não resolve as situações, ajuda a clarificá-las e dar sentido à vida, seja ela difícil ou não.