a organização não governamental Oxfam acusa as elites económicas de «manipularem» as regras do jogo em seu benefí­cio, criando um mundo em que só as 85 pessoas mais ricas acumulam todo o capital que dispõe a metade mais pobre da humanidade
a organização não governamental Oxfam acusa as elites económicas de «manipularem» as regras do jogo em seu benefí­cio, criando um mundo em que só as 85 pessoas mais ricas acumulam todo o capital que dispõe a metade mais pobre da humanidade Um relatório da Oxfam Intermón, divulgado esta segunda-feira, 20 de janeiro, a propósito do Forum Económico Mundial que se realiza em Davos, na Suíça, acusa as elites económicas de manipularem as regras do jogo em seu benefício, e de estarem a sequestrar a democracia. Segundo o documento, neste momento, um por cento das famílias mais poderosas é responsável por 46 por cento da riqueza mundial. O estudo, intitulado Governar para as elites. Sequestro democrático e desigualdade económica, conclui que nos últimos anos foram adotadas políticas que beneficiam claramente quem mais tem, como a desregulação e opacidade financeiras, os paraísos fiscais, a redução das taxas de imposto em escalões mais altos, ou os cortes no investimento e proteção social. Desde o final da década de 1970, as taxas de impostos sobre os rendimentos mais altos caíram em 29 dos 30 países dos quais se dispõem dados, o que significa que em muitos casos os ricos não só ganham mais, como também pagam menos impostos, refere o relatório da organização não governamental, sublinhado que se trata de um manifesto sequestro dos processos democráticos por parte das elites, a expensas da classe média e dos mais pobres. De acordo com o diretor da Oxfam Intermón, José María Vera, estima-se que 21 biliões de dólares escapem todos os anos ao fisco, a nível mundial, porque as pessoas mais ricas e as grandes empresas ocultam milhares de milhões aos cofres públicos, através de redes complexas, baseadas em paraísos fiscais. Em consequência, quase metade da riqueza mundial está nas mãos de um por cento da população e a outra metade está repartida entre os 99 por cento restantes. Não podemos querer ganhar a luta contra a pobreza sem abordar a desigualdade. Este flagelo crescente está a criar um círculo vicioso em que a riqueza e o poder estão cada vez mais concentrados nas mãos de uns poucos, deixando o resto dos cidadãos as migalhas, adianta o responsável do organização.