O ex-sindicalista Carvalho da Silva aponta a reposição do lugar central do trabalho, enquanto atividade humana e elemento da economia, como um dos pontos fundamentais para ultrapassar os bloqueios que afetam a sociedade
O ex-sindicalista Carvalho da Silva aponta a reposição do lugar central do trabalho, enquanto atividade humana e elemento da economia, como um dos pontos fundamentais para ultrapassar os bloqueios que afetam a sociedade Vivemos um mundo em que as centralidades se alteraram, onde a reposição do lugar central que o trabalho tem, enquanto atividade humana e elemento da economia que deve responder aos problemas numa determinada vertente da sociedade, é absolutamente primordial, defendeu este sábado, 18 de janeiro, em Fátima, o ex-líder da CGTP, Carvalho da Silva. Segundo o agora investigador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, a procura de alternativas aos bloqueios em que vivemos exige que se coloque o trabalho e os valores a ele inerentes no centro das preocupações, assim como é fundamental ter presente que sempre que se está a eliminar um direito, está a desesresponsabilizar-se as pessoas perante a sociedade. Não há direitos sem deveres. Os direitos do trabalho tinham como pressuposto um conjunto de deveres, do ponto de vista individual e coletivo, na contribuição para o funcionamento harmonioso e o funcionamento consentido de progresso da sociedade. Se se retiram direitos do trabalho está-se a desconvocar as pessoas de agirem com os seus deveres, alertou Carvalho da Silva, na sessão de Conversas Contemporâneas, promovida pelos Missionários da Consolata. No conjunto de pistas para reflexão deixadas aos participantes, o investigador e professor de sociologia, alertou também para o perigo da secundarização de algumas alterações estruturais que considera intimamente ligadas ao ser humano: Neste processo de globalizações e mundializações, as novas dinâmicas de migração precisam de ser vistas, mas há outros dois campos prioritários: é tratarmos o aumento da esperança de vida como algo positivo e não como um fardo e assumir que a mulher vai estar no centro das mudanças nos próximos séculos e que a sociedade não está preparada para isso. Há dinâmicas hoje que se passam nos chamados espaços emergentes, desde a economia, à cultura, à religião, que vão trazer novas realidades para o relacionamento do mundo e isso deve ser colocado em consideração. Neste momento, somos desafiados a leituras novas de universalismo, de multicularidade, de multilateradidade, e aqui o lugar do trabalho, o lugar da mulher e do homem na sociedade são aspetos fundamentais, concluiu Carvalho da Silva, à margem da conferência.