O carisma deste Papa não para de surpreender o mundo. São as pequenas coisas do dia a dia que constantemente lhe dão notoriedade. O telefonema de 31 de dezembro para as Irmãs Carmelitas de Lucena, Espanha, foi um exemplo singular
O carisma deste Papa não para de surpreender o mundo. São as pequenas coisas do dia a dia que constantemente lhe dão notoriedade. O telefonema de 31 de dezembro para as Irmãs Carmelitas de Lucena, Espanha, foi um exemplo singular

a notícia do telefonema do Papa Francisco às Irmãs Carmelitas, para lhes desejar um Bom ano, correu mundo através da comunicação social. O que estão a fazer as irmãs que não podem atender? Sou o Papa Francisco e queria saudar-vos neste fim de ano. Vou ver se consigo ligar mais tarde. Que Deus vos abençoe, disse o Papa Francisco numa mensagem de voz que deixou às irmãs de clausura do Convento de Carmelitas Descalças de Lucena, conta o jornal aBC.

O Papa conversou mais tarde com a Prioresa do convento, Irmã adriana de Jesus Ressuscitado, a quem transmitiu as suas felicitações pelo novo ano e a sua bênção às Irmãs e a toda população de Lucena, cidade operária nos arredores de Córdoba, no sul de Espanha. a irmã adriana disse que ela e quatro outras religiosas que estavam no local não atenderam o telefone porque estavam ocupadas com suas preces do meio-dia.

Francisco obviamente que não irá telefonar a cada um de nós, mas merece que o atendamos e tenhamos as suas palavras em apreço, especialmente uma das últimas: a mensagem para a celebração do Dia Mundial da Paz, que ocorreu no passado dia 1 de janeiro. Foi a primeira Mensagem da Paz que o pontífice dirigiu, desde que é bispo de Roma.começou por desejar a todos, indivíduos e povos, votos duma vida repleta de alegria e esperança e indicou a via da fraternidade, como fundamento e caminho para a paz.

Lembrou ainda: a família é a fonte de toda a fraternidade, sendo por isso mesmo também o fundamento e o caminho primário para a paz, já que, por vocação, deveria contagiar o mundo com o seu amor, num mundo caracterizado pela globalização da indiferença que lentamente nos faz habituar ao sofrimento alheio, fechando-nos em nós mesmos. afirmou ainda que em muitas partes do mundo, parece não conhecer tréguas a grave lesão dos direitos humanos fundamentais, sobretudo dos direitos à vida e à liberdade de religião.

O Papa, citando os seus antecessores Paulo VI e João Paulo II, explica que devemos trabalhar juntos para construir o futuro comum da humanidade e que este dever recai primariamente sobre os mais favorecidos. as suas obrigações radicam-se na fraternidade humana e sobrenatural, apresentando-se sob um tríplice aspeto: o dever de solidariedade, que exige que as nações ricas ajudem as menos avançadas; o dever de justiça social, que requer a reformulação em termos mais corretos das relações defeituosas entre povos fortes e povos fracos; o dever de caridade universal, que implica a promoção de um mundo mais humano para todos, um mundo onde todos tenham qualquer coisa a dar e a receber, sem que o progresso de uns seja obstáculo ao desenvolvimento dos outros.

Em seguida, Francisco refere as palavras de João Paulo II: a paz é um bem indivisível: ou é bem de todos, ou não o é de ninguém. Na realidade, a paz só pode ser conquistada e usufruída como melhor qualidade de vida e como desenvolvimento mais humano e sustentável, se estiver viva, em todos, a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum.

Promover a fraternidade, é a obrigação de qualquer homem, pois dessa forma é possível vencer a pobreza, e uma das formas é o desapego vivido por quem escolhe estilos de vida sóbrios e essenciais, por quem, partilhando as suas riquezas, consegue assim experimentar a comunhão fraterna com os outros. Isto é fundamental, para seguir Jesus Cristo e ser verdadeiramente cristão. É o caso não só das pessoas consagradas que professam voto de pobreza, mas também de muitas famílias e tantos cidadãos responsáveis que acreditam firmemente que a relação fraterna com o próximo constitua o bem mais precioso. Cristo abraça todo o ser humano e deseja que ninguém se perca.

a mensagem é clara, apesar de extensa, mas merece uma atenção cuidada de todos os que amamos a paz; a sua leitura é importante para compreendermos o seu valor e, através do amor ao próximo, sermos também colaborantes da paz.