«Salve ó Senhora carinhosa, Rainha Santíssima, Mãe de Deus, Maria, que sois Virgem feita Igreja. Salve Palácio do Senhor!» Em vós, fornalha ardente de amor, se preparou o Pão da Vida, Jesus Cristo nosso Salvador

«Salve ó Senhora carinhosa, Rainha Santíssima, Mãe de Deus, Maria, que sois Virgem feita Igreja. Salve Palácio do Senhor!» Em vós, fornalha ardente de amor, se preparou o Pão da Vida, Jesus Cristo nosso Salvador
Na minha terra, e em muitas outras certamente, o pão era considerado uma coisa sagrada, por ser graça de Deus: Se um pedaçito de pão caía ao chão, apanhava-se logo e beijava-se com respeito, pois o pão é um dom de Deus que nós lhe pedimos todos os dias e que a ele apraz nos dar. E era uma maravilha para nós crianças ver as nossas mães amassar a farinha, dar forma aos pãezinhos, e fazer uma cruz em cada um. Depois colocava-se um pão de cada vez na pá, e punha-se no forno, uma fornalha ardente para que se olhava de olhos deslumbrados por tanta luz. E lá o pão cozia-se, e crescia a olhos vistos, e ganhava cor, como que envergonhado de tanta ternura. Depois tirava-se cá para fora, e comia-se logo um naco, com um pedacito do queijo das nossas cabritas e ovelhitas: e que bom que ele era, Santo Deus!

E quando Deus decidiu cozer, quer dizer preparar e dar-nos, o Pão da vida eterna, o Seu Filho Unigénito, Deus escolheu a fornalha mais ardente de amor de toda a história: O Seio puríssimo da jovem Virgem Maria de Nazaré, onde o Espírito Santo preparou esse Pão que é o Corpo do Verbo Eterno feito um de nós: O Senhor Jesus. Que fornalha perfeita de amor e caridade aquela que nos deu o Pão da vida eterna, Jesus Cristo, Nosso Senhor: O Seio puríssimo da Virgem Maria! E nós às vezes, pobres coitados e um tantinho ingratos que somos, pouco nos lembramos de agradecer à Virgem Maria, aquela imensa fornalha ardente de amor, por ter em si preparado para nós, durante nove meses de emoção e amor intensos, o Pão saboroso que é o Filho de Deus, a Fonte da Luz e a causa da vida eterna. E ao ser ela, a Virgem Maria, concebida no seio de sua mãe, antes mesmo da sua conceição, purificou-a Deus de toda a mancha de pecado, pois ele a escolhera de entre todas as mulheres para ser a Mãe da Divina Graça que é Cristo Senhor nosso e nosso Salvador.

E cá por Terras de Santa Maria, como orgulhosamente chamavam à nossa Pátria os pioneiros do nosso ser um povo, foi ela, a Virgem Maria, sempre honrada como Mãe, Padroeira e Rainha. E nos corações em que medra o sentido do Divino tornado humano, sempre pululou a vela do amor jubiloso por tanta graça do altíssimo. E que dom este, Senhor: ao sofreres os horrores da cruz, tormento desmedido para a compreensão humana, fixastes, ó Bom Jesus, o teu olhar nos olhos em que sofria o coração de tua Mãe, e disseste-lhe, olhando para João-Nós-Todos: Mulher eis o teu filho! Tão grande dom, só lhe falta amá-lo nós e honrá-lo com todo o júbilo que um coração humano pode conceber e deixar florir. Salve Rainha, vida doçura e esperança nossa, Imaculada Conceição, Salve!