História do percurso espiritual do Irmão Roger e da comunidade por ele fundada em Taizé, na Borgonha francesa.
História do percurso espiritual do Irmão Roger e da comunidade por ele fundada em Taizé, na Borgonha francesa. Tudo começou por uma grande solidão, quando aos 25 anos o Irmão Roger deixou a sua terra natal, a Suíça, para ir viver em França, de onde era a sua mãe. Desde há vários anos, ele sentia em si o apelo a fundar uma comunidade em que fosse visível, todos os dias, a reconciliação entre cristãos, onde a benevolência do coração fosse vivida muito concretamente e onde o amor fosse o centro de tudo.
Ele desejava inserir esta fundação na situação de sofrimento de então. E assim em plena guerra mundial, fixou-se na pequena aldeia de Taizé, na Borgonha, a alguns quilómetros da linha de demarcação que cortava a França em duas.
Escondia refugiados, sobretudo judeus, que sabiam que, fugindo da zona ocupada, poderiam encontrar refúgio em sua casa. Mais tarde juntaram-se-lhe outros irmãos e, no dia de Páscoa de 1949, os primeiros assumiram o compromisso de viver toda a vida no celibato, em vida comum e de grande simplicidade.
No silêncio de um longo retiro, durante o Inverno de 1952-1953, o fundador da comunidade escreveu a Regra de Taizé, dando aos seus irmãos o essencial que lhes permitisse a vida comum.
a partir dos anos 50, alguns irmãos foram viver para lugares desfavorecidos, para estar ao lado dos que sofrem.
Em finais dos anos 50, o número de jovens que se dirigiam a Taizé, cresceu visivelmente. a partir de 1962, irmãos e jovens, enviados por Taizé, começaram a ir e vir aos países do Leste europeu, com a maior prudência para não comprometer aqueles que eles apoiavam.
De 1962 a 1989, o Irmão Roger visitou a maior parte dos países do Leste, para encontrar-se com os jovens, autorizados mas muito vigiados, por vezes para simples visitas, sem possibilidade de falar em público (Eu calar-me-ei com eles, dizia ele aos cristãos destes países).
Em 1966, as Irmãs de Santo andré, comunidade internacional fundada há mais de sete séculos, foram habitar para uma aldeia perto de Taizé e começaram a assumir uma parte das tarefas de acolhimento. Mais recentemente, as Irmãs Ursulinas polacas assumiram também uma parte da colaboração.
a comunidade de Taizé hoje é formada por centena de irmãos, católicos e de diversas origens evangélicas, vindos de mais de 25 países. Pela sua própria existência, é um sinal concreto de reconciliação entre cristãos divididos e entre povos separados.
Num dos seus últimos livros, intitulado Deus não pode senão amar, edições de Taizé, o IrmãoRoger descreve deste modo o seu caminho ecuménico: Posso lembrar aqui que a minha avó materna descobriu, por intuição, uma espécie de chave da vocação ecuménica e que ela me abriu o caminho da concretização? Marcado pelo testemunho da sua vida, ainda muito jovem, eu encontrei ao seu lado a minha própria identidade de cristão, reconciliando em mim mesmo a fé das minhas origens com o mistério da fé católica, sem ruptura de comunhão com quer que seja.
Os irmãos não aceitam nenhum dom, nenhum presente. Não aceitam nem sequer para eles as suas próprias heranças pessoais, mas oferecem-nas aos pobres. Pelo trabalho ganham a vida da comunidade e partilham com os outros.
Pequenas fraternidades encontram-se já inseridas nos bairros deserdados da Ásia, da África, da américa do Sul e do Norte. Os irmãos procuram partilhar aí as condições de vida dos que os rodeiam, esforçando-se por ser uma presença de amor junto dos mais pobres, das crianças da rua, dos presos, dos moribundos, daqueles que estão feridos até ao mais profundo dos seus corações com rupturas de afecto, com abandonos humanos.
Vindos do mundo inteiro, os jovens dirigem-se hoje a Taizé, semanalmente durante todo o ano, para encontros, chegando a reunir, de um domingo a outro, até seis mil pessoas, de mais de 62 países.com o passar dos anos, centenas de milhar de jovens passaram por Taizé, meditando o tema vida interior e solidariedades humanas. Nas fontes da fé, eles procuram descobrir um sentido para a sua vida e preparam-se para assumir responsabilidades onde eles vivem.
Homens de Igreja também frequentam Taizé. a comunidade acolheu o Papa João Paulo II, três arcebispos de Cantuária, metropolitas ortodoxos, os 14 bispos luteranos suecos e numerosos pastores de todo o mundo.
Para apoiar as jovens gerações, a comunidade de Taizé anima uma peregrinação da confiança sobre a terra. Esta peregrinação não é uma organização de jovens num movimento centrado sobre a comunidade, mas estimula-os a serem portadores de paz, de reconciliação e de confiança nas suas cidades, universidades, nos lugares de trabalho, nas paróquias, tudo em comunhão com todas as gerações.
Como etapa desta peregrinação, um encontro europeu de cinco dias reúne no fim de cada ano várias dezenas de milhar de jovens numa metrópole europeia, do ocidente e do leste.
Por ocasião do encontro europeu, o Irmão Roger publicava todos os anos uma carta, traduzida em mais de 50 línguas, retomada e meditada durante todo o ano pelos jovens, em suas casas ou nos encontros de Taizé. O fundador escrevia esta carta, muitas vezes, a partir de um lugar de pobreza, onde ele tinha vivido algum tempo (Calcutá, Chile, Haiti, Etiópia, Filipinas, África do Sul).
Hoje, no mundo inteiro, o nome de Taizé evoca paz, reconciliação, comunhão e esperança de uma primavera da Igreja: Quando a Igreja escuta, cura, reconcilia, ela torna-se aquilo que ela tem de mais luminoso em si mesma: límpido reflexo de um amor (Ir. Roger).
Comunidade de Taizé

O Ir. Roger, de Taizé, recebeu os seguintes prémios:
– 09. 04. 1974: Templeton Price, London (Prémio Templeton, Londres)
– 13. 10. 1974: Friedenspreis des Borsenverein des deutschen Buchhandels, Frankfurt (Prémio da Paz das Livrarias alemãs, Frankfort)
– 21. 09. 1988: Prix UNESCO de l’Education pour la Paix, Paris (Prémio da Unesco para a Paz, Paris)
– 04. 05. 1989: Karlspreis, aachen (Prémiop Carlos Magno, aix-la-Chapelle, França)
-20. 11. 1992: Prix Robert Schuman, Strasbourg (Prémio Robert Schuman, Estraburgo, França)
– 24. 04. 1997: award for an international humanitarian service, Université de Notre Dame, Indiana, US a (Prémio para um serviço humanitário internacional, Universidade de Notre Dame, Ind, Estados Unidos)
– 22. 10. 2003: Dignitas Humana award, Saint John’s University, Collegeville, Minnesota, US a (Prémio pela defesa da dignidade humana, Universidade Saint John, Collegeville, Minnesota, Estados Unidos)

Livros do Ir. Roger, de Taizé:
1958, Vivre l’aujourd’hui de Dieu
1965, Dynamique du provisoire
1968, Violence des pacifiques
1971, Ta fête soit sans fin
1973, Lutte et contemplation
1976, Vivre l’inespéré
1979, Etonnement d’un amour
1980, Les Sources de Taizé
1982, Fleurissent tes déserts
1985, Passion d’une attente
1988, Son amour est un feu
1995, En tout la paix du cœur
2001, Dieu ne peut qu’aimer
2005 Pressens-tu un bonheur? (Presses de Taizé/Seuil)

1992, Co-autor com a Madre Teresa: La priére, fraîcheur d’une source