Estrangeiras a residir em Portugal apenas recorrem aos cuidados de saúde maternoinfantis em situações extremas, por sentirem que estão sujeitas a «tratamentos desiguais e opressores», conclui estudo de psicóloga portuguesa
Estrangeiras a residir em Portugal apenas recorrem aos cuidados de saúde maternoinfantis em situações extremas, por sentirem que estão sujeitas a «tratamentos desiguais e opressores», conclui estudo de psicóloga portuguesa as imigrantes grávidas só recorrem às consultas do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em casos extremos e, mesmo assim, dizem encontrar com frequência profissionais impreparados para as suas especificidades, concluiu a psicóloga Joana Topa, após a realização de dois estudos relacionados com a prestação de cuidados de saúde maternoinfantis à população imigrante residente em Portugal. apesar do seu descontentamento com a situação, [as imigrantes] revelam conformismo e silêncio. Esta cumplicidade acarreta, inevitavelmente, perigos. Perpetua uma não-efetivação dos seus direitos e não informa as instituições e políticas de saúde sobre as suas vulnerabilidades e dificuldades específicas, explica a investigadora do Porto, realçando, no entanto, a avaliação geral positiva feita aos serviços. Nos estudos, divulgados esta terça-feira, 3 de dezembro, pela agência Lusa, Joana Topa detetou diversas barreiras, como a falta de médicos de família, problemas de comunicação entre o profissional e as pacientes, burocracias, insuficiência informativa ou a não-acessibilidade a serviços específicos como aulas de preparação para o parto ou cheque dentista. Já no que se refere ao comportamento dos profissionais de saúde, os relatos das inquiridas apontam dificuldades de comunicação (pelo não domínio da língua), menor sensibilidade e competência para lidar com a diversidade cultural das pacientes bem como a exibição de atitudes discriminatórias. No entanto, as imigrantes reconhecem que eles tentam fazer o melhor para as auxiliar. De acordo com a psicóloga, geralmente estes profissionais partilham das crenças sociais de que a comunidade imigrante é associada à insegurança, desemprego e perda de valores, como se a condição migratória constituísse uma ameaça à convivência e à coesão social. Por isso, e em jeito de conclusão, a investigadora propõe que os serviços utilizem uma matriz analítica que tenha em conta as diferentes categorias identitárias das pacientes, uma vez que estas propiciam necessidades diferenciadas bem como vivências díspares.