Todos nos damos conta que na vida muitas vezes há caminhos ora paralelos ora divergentes ora separados para nunca mais se encontrarem. Todos gostaríamos de avançar em paralelo uns com os outros, mas nem sempre é possível
Todos nos damos conta que na vida muitas vezes há caminhos ora paralelos ora divergentes ora separados para nunca mais se encontrarem. Todos gostaríamos de avançar em paralelo uns com os outros, mas nem sempre é possívelTambém na missão constatamos com pena esta realidade, sobretudo quando nos deparamos com a multiplicidade de igrejas e confissões religiosas. Há uns anos atrás, em Osizweni, na África do Sul, os responsáveis da Igreja Católica e anglicana resolveram fazer uma experiência no sentido de congregar as duas igrejas num momento significativo: fazer pelo menos parcialmente a procissão de Ramos, com que se abre a Semana Santa. Se bem o pensaram, melhor o fizeram e ainda fazem neste momento. Escolhem cada ano um lugar diferente do imenso bairro para aí iniciarem solenemente a procissão. Depois, com toda a pompa e dignidade, percorrem em comum uma boa parte do trajeto e a um certo momento dividem-se, indo cada um para o seu lado, em direção à sua própria igreja. Esta união temporária no caminho em comum ainda não é tudo, mas é já qualquer coisa, mesmo que cada um depois siga o próprio caminho. Também nós, durante algum tempo, caminhamos juntos nesta grande peregrinação que é a vida. Para sublinhar o que nos une e esquecer o que nos separa, ou então para reconhecer que há muitas maneiras de estar na vida e de afirmar publicamente ou praticar no culto aquilo que acreditamos na fé. Em Osizweni, a procissão impressiona a todos nas estradas por onde passa, por causa de uma tão grande multidão a agregar duas igrejas, quando o habitual é que cada um construa e pratique na sua capelinha. Todos têm a ganhar se partilharem as suas estruturas e apontarem um caminho a seguir em comum. Cada um conta as experiências vividas, as dificuldades, os tropeções, as bolhas nos pés. Mas, antes de se separarem, partilham também um sonho em comum, o de continuarem a viagem e chegar a bom porto. É este reconhecer que há outros em caminho que experimentam as mesmas dificuldades e têm os mesmos sonhos que nos permite alentar forças para o resto da viagem.