a província de Tete, na região central de Moçambique, assistiu este verão a um casamento muito especial. Uma união que resulta de um grande testemunho de amor e de uma enorme devoção cristã
a província de Tete, na região central de Moçambique, assistiu este verão a um casamento muito especial. Uma união que resulta de um grande testemunho de amor e de uma enorme devoção cristãFernando Máquina, 68 anos, esperou pelo dia do casamento religioso durante décadas. Tinha acolhido Beatriz Meque como esposa, em 1972, mas ela não era cristã, e ele nunca a obrigou a professar a religião católica. Porém, no seu coração, sempre permaneceu um sonho: Um dia celebraremos o sacramento do matrimónio, como Deus manda, como ensina a Igreja, como vi fazer na missão!. a guerra pela independência, seguida pela guerra civil e o afastamento dos missionários das missões, criaram grande confusão, naquela época. Deixou de haver tempo para os sonhos. Logo que a paz voltou a brilhar sobre a província de Tete, na região central de Moçambique, Fernando procurou um talhão para cultivar. Encontrou um terreno com pedras e mais pedras, água salgada, apenas um furo ao fundo do vale, mas ali estabeleceu a sua casa.começou a criar cabritos e perguntava, com frequência, se havia por perto alguma capela católica para rezar aos domingos. Nas poucas casas espalhadas pela montanha, ninguém sabia de capelas, de Igreja ou de orações. Decidiu então ir à cidade, à procura de alguém que soubesse de Deus. E encontrou a comunidade São Carlos Lwanga de Kanongola, onde passou a deslocar-se a pé, todos os domingos, para participar na Eucaristia. Incomodado por ninguém falar de Jesus na sua aldeia, tentou convencer alguém na comunidade cristã a disponibilizar-se para ensinar a doutrina aos seus vizinhos. Sem sucesso. a distância era grande – mais de hora e meia de caminhada – e os recursos humanos eram poucos. Seria ele capaz de assumir essa responsabilidade? Mesmo sem grande formação, decidiu aceitar.começou a reunir os interessados, perto da sua casa, debaixo de uma árvore, e a falar de Jesus Cristo e do Evangelho. Beatriz, 58 anos, foi uma das que se sentou a ouvir. Mais tarde, surpreendeu-o com um pedido: queria ser cristã. Fernando ficou preenchido de felicidade. agora já podia aproximar-se do padre e pedir o grande serviço: o batismo para a Beatriz e o casamento para os dois. E assim foi. No passado dia 20 de julho, saíram os dois de casa, em direção ao altar. Ela com vestido branco e ele com casaco, gravata, e sapatos de ponta. Em silêncio, viveram toda a liturgia profundamente comovidos. a celebração e os cânticos bem preparados fizeram com que até os pagãos sentissem a presença de Jesus na humildade da capela de paus. Seguiu-se a boda, com muito arroz, batata, farinha e cabrito. Nos olhos de Beatriz e Fernando lia-se a satisfação por este dia ter chegado, por o sonho se ter concretizado.