«Cristão na Política deve fazer a opção preferencial pelos pobres», afirmou o Cardeal Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz no primeiro encontro dos capelães parlamentares que teve lugar esta semana em Roma
«Cristão na Política deve fazer a opção preferencial pelos pobres», afirmou o Cardeal Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz no primeiro encontro dos capelães parlamentares que teve lugar esta semana em RomaO encontro, destinado aos sacerdotes (42 de vários países) analisou o acompanhamento espiritual e a promoção do bem comum junto dos políticos. Não se trata somente de defender posições particulares, mesmo que, às vezes, isso seja necessário. Em primeiro lugar, é preciso ajudar os responsáveis políticos a fundamentarem o próprio trabalho em bases sólidas e direcioná-lo, para que este não seja vivido somente de maneira formal, mas seja interiorizado com a reflexão e a oração disse Peter Turkson.

O Cardeal apelou ainda a um maior empenhamento da Igreja junto dos políticos no sentido de estes realizarem um discernimento racional sobre o bem comum e ainda alimentar a sua esperança e coragem, segundo citou a Rádio Vaticana.

Partimos desta notícia, que denota a importância com que as instâncias da Igreja abordam o trabalho dos políticos, para refletir um pouco na necessidade de alargar este tipo de formação a outros níveis, especialmente à generalidade da população. Poderão argumentar: mas ensinar política não é missão da Igreja. Sim é verdade, mas as pessoas são a centralidade da condição humana, como disse recentemente Manuel Clemente quando se referiu à política e forma de exercer dos políticos portugueses, no final da última reunião da Conferência Episcopal realizada em Fátima.

Os portugueses precisam de aprender a viver com a política e não sabem, mais ainda, não há pessoas interessadas em ensiná-los a compreender e atuar na política, ou fora dela, tirando partido disso. Os cidadãos, quando muito, vão à boleia dos sindicatos, partidos políticos ou outros, que se servem deles para atingir os seus fins. Será que os responsáveis da Igreja ainda não se aperceberam? Estamos convictos que sim, mas a verdade é que todos continuamos a assobiar para o ar como se nada fosse. a Igreja defende, e bem, a justiça social e o resto?

Para começar, poderíamos analisar as possibilidades do ensino de política nas escolas -por que não serem as escolas católicas a tomar a iniciativa? – cremos que tal não deve constituir razão para surpresa, afinal seria mais uma disciplina, mesmo que facultativa. Surpresa seria se interrogássemos os sacerdotes em relação aos seus conhecimentos políticos, certamente que ficaríamos espantados, não duvidem!

Pretendemos alertar os responsáveis da Igreja para este problema, é mesmo disso que se trata, pois a generalidade das pessoas desconhecem como podem e devem atuar e hoje tudo, ou quase, é decidido através do exercício político.

ao fazermos este apelo à Igreja não ignoramos que a responsabilidade desta lacuna cabe ao Estado, aos partidos políticos e outras instituições vocacionadas para tal, mas se estas entidades não avançam só temos duas opções: fazer pressão para que o façam e/ou ser a Igreja a fazê-lo. Poderão responder-me: mas a Igreja já tem tanto que fazer e isto até nem entra no seu âmbito. Concordamos que os homens da Igreja já têm muitas preocupações, e importantes, mas estamos a falar de um serviço que muito ajudaria as pessoas e consequentemente toda a comunidade, até os não cristãos.

Com a ação do Papa Francisco a Igreja está a transformar-se, no bom sentido, será que a ideia de ensinar política não caberia nesta abertura?