O problema do desemprego é global e não pode ser resolvido com a redução dos direitos dos trabalhadores. Exige criatividade, uma mudança de mentalidades e a cooperação entre os países europeus, alertam os bispos portugueses
O problema do desemprego é global e não pode ser resolvido com a redução dos direitos dos trabalhadores. Exige criatividade, uma mudança de mentalidades e a cooperação entre os países europeus, alertam os bispos portugueses a grave crise que Portugal atravessa em termos laborais exige dos governantes e dos empresários uma nova mentalidade, que passa por recuperar os valores éticos, espirituais e humanos, retirando a centralidade à lei do lucro e do rendimento, alertou esta quinta-feira, 14 de novembro, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), no final de mais uma assembleia Plenária, que se realizou em Fátima. Numa mensagem sobre os Desafios éticos do trabalho humano, divulgada após o encontro, os bispos manifestaram grande preocupação pelos desempregados que não têm direito a qualquer forma de subsídio de desemprego e recordaram que essa forma de apoio está ligada ao direito à vida e à subsistência, e decorre não só da dignidade humana mas também do princípio do uso comum dos bens, tanto mais imperativo quando mais grave seja a situação geral do país. Conseguir compatibilizar esta obrigação de solidariedade social com a diminuição efetiva da riqueza pessoal e do próprio país é um enorme desafio que se coloca a toda a sociedade, refere o documento, sublinhando que a procura de novas soluções económicas, sobretudo no que diz respeito à promoção do emprego, não pode ser feita através do cerceamento dos direitos dos trabalhadores, como se tem verificado em Portugal. Segundo os bispos, a gravidade do problema é um urgente apelo à criatividade e à excelência profissional de trabalhadores e empresários, de governantes e forças sociais, que não se confina aos limites do território nacional. Se a Europa que agora pode não for generosa, amanhã também não tem para si própria, e é um amanhã que não está muito longe, explicou o patriarca de Lisboa e presidente da CEP, Manuel Clemente. Durante a assembleia Plenária, a CEP aprovou ainda uma carta pastoral a propósito da ideologia do género, onde é reforçada a visão bíblica e cristã da sexualidade. a este propósito, Manuel Clemente considerou que a legislação nesta matéria – como a lei do aborto ou a dos casamentos homossexuais – tem andado à frente das convicções. Tem havido muito voluntarismo legal, sem antes se ter promovido um debate profundo, e tenho muitas dúvidas que a legislação reflita o pensamento da maioria dos portugueses, afirmou o prelado.