Para Yann arthus-Bertrand, ecologista, fotógrafo e autor do livro « a Terra Vista do Céu», «não» é o planeta «que está em perigo, é a nossa maneira de viver, a nossa civilização»

Para Yann arthus-Bertrand, ecologista, fotógrafo e autor do livro « a Terra Vista do Céu», «não» é o planeta «que está em perigo, é a nossa maneira de viver, a nossa civilização»
Vivemos numa civilização que se baseia no crescimento económico e, por isso, na energia e no consumo (… ). Somos sete mil milhões de pessoas que têm fome, que consomem todos os dias. Essa energia, esse conforto, permite-nos consumir muito mais do que aquilo de que verdadeiramente precisamos. Hoje, vivemos numa espécie de superabundância, pelo menos nos países ricos, dois ou três mil milhões de pessoas. E não sei se seremos capazes de parar. São palavras de Yann arthus-Bertrand, autor do livro a Terra Vista do Céu e criador de uma recente exposição, Planet Ocean, patente no Oceanário de Lisboa, até 6 de janeiro. Para este ilustre ecologista e fotógrafo não é a Terra que está em perigo, é a nossa maneira de viver, a nossa civilização. Não é um problema simplesmente ecológico, é um problema humano, ético e social. a nossa sociedade tem-se mostrado incapaz de um uso racional e sustentável dos seus recursos. Há programas muito bonitos e compromissos formais de organizações mundiais e nacionais, mas não passam do papel, e a pobreza aumenta e impõe a todos nós fortes interrogações. Para onde nos levará um desenvolvimento descontrolado? Que aconteceria ao nosso planeta se houvesse no mundo uma industrialização de parâmetros semelhantes aos da Europa ou da américa? E a situação da China não nos diz nada? Criámos uma civilização que é filha do mercado e da concorrência. É a globalização que nos governa em vez de sermos nós a governá-la. O Papa Francisco tem alertado para o problema. Citando o livro do Génesis, afirmou que o cultivar e cuidar não se refere somente à relação entre nós e o ambiente, entre o homem e a criação, diz respeito também às relações humanas. E mostrou como o magistério da Igreja tem falado de ecologia humana, estritamente ligada à ecologia ambiental. Estamos a viver um tempo de crises, – afirma convicto – vemos isso no ambiente, mas, sobretudo, no homem. a pessoa humana está em perigo: eis a urgência da ecologia humana! E o perigo é grave porque a causa do problema não é superficial, mas profunda: não é somente uma questão de economia, mas de ética e de antropologia… Dominam as dinâmicas de uma economia e de uma finança carentes de ética. O citado Yann arthus-Bertrand é da mesma opinião quando afirma que precisamos de uma revolução. Não será uma revolução científica, porque não vamos trocar de repente os 800 milhões de barris de petróleo que consumimos todos os dias por uns painéis solares mais sofisticados, e nós somos incapazes de reduzir o consumo, nem uma revolução económica, mas uma revolução espiritual, no sentido ético ou moral.