«O Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido», diz Jesus no Evangelho deste domingo, a propósito da conversão de um cobrador de impostos
«O Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido», diz Jesus no Evangelho deste domingo, a propósito da conversão de um cobrador de impostosO Zaqueu do Evangelho deste domingo era um judeu, portanto conhecia os termos da aliança que os israelitas tinham feito com Deus: era obrigado à prática religiosa e à justiça para com o seu próximo. Não sabemos por que razão arranjara Zaqueu um emprego que o tornava odiado por todos os judeus: tornou-se coletor de impostos para os romanos, que eram inimigos do seu povo.
Pelas declarações que fez a Jesus depois da sua conversão, deduzimos que não se sentia feliz: a Lei de Deus mandava-o ajudar os pobres, mas dá a impressão que Zaqueu não o fazia. E a injustiça era contrária a todo o bom judeu. Ele tornara-se um traidor para os seus próprios concidadãos de Jericó. Lá por dentro, no fundo da sua consciência, uma fibra impoluta de honestidade espicaçava-o a mudar de vida. O problema era como, quando E um dia, as peças do enigma alinharam-se em boa conta: soube que pela cidade passava o profeta Jesus de Nazaré, que, diziam, falava verdades maravilhosas, fazia milagres estrepitosos e, mais encorajante ainda, aceitava com amor a companhia dos pecadores. Uma mistura de esperança e coragem empurra Zaqueu para se encontrar com Jesus. Mete-se no meio da multidão, mas surge um problema: Zaqueu é pequeno de estatura, provavelmente não conseguirá aproximar-se do Mestre. Então, sacode as peneiras de rico graúdo, e como um garoto qualquer, sobe para cima duma árvore, um sicómoro: dali a vista era melhor. E aqui, depois desta humilhação de Zaqueu, entra a bondade divina de Cristo: mais do que Zaqueu procurava Jesus, era Jesus que procurava Zaqueu. Provavelmente Zaqueu nunca se atreveria a convidar Jesus para ir a sua casa, porque um judeu que entrasse em casa dum pecador público ficava impuro religiosamente. Para seu espanto e júbilo, Jesus diz-lhe que quer ir a casa dele: um delírio! Claro, mil bocas criticam, cospem veneno ao declararem-se escandalizados. E Zaqueu professa diante de todos a sua conversão, a direção nova que dava à sua vida: Senhor! Vou dar aos pobres metade dos meus bens. E a quem causei prejuízo, restituirei quatro vezes mais! E Cristo responde: Hoje a salvação entrou nesta casa. É verdade: com o Salvador, entra sempre a salvação – quando lhe abrimos a porta do nosso coração. Quantos perdidos, mesmo membros do povo de Deus. a todos, a realização plena está à vista, no pedido que Cristo sempre faz de lhe abrirmos a porta do nosso coração, da nossa vida. Um gesto, uma oração, um soluço e Cristo a declarar: O Filho do Homem veio procurar o que estava perdido. E, tendo-O encontrado, agostinho gritava: Ó Beleza sempre nova e sempre antiga!… Só em Ti pode o nosso coração encontrar descanso!P. S. : novembro 6, São Nuno de Santa Maria.