Esta semana foi notícia o “bispo do luxo” como a imprensa alemã apelidou monsenhor Franz-Peter Tebartz-van Elst, da diocese de Limburg, alemanha. O motivo prende-se com os gastos extravagantes na residência oficialCertamente que a gestão dos dinheiros da diocese, a cargo de monsenhor Franz-Peter Elst não seria tão escandaloso não fosse a exorbitância dos valores em causa – o jornal Die Welt avaliou em 40 milhões de euros o montante dos trabalhos – e as sumptuosidades desnecessárias para a sede do arcebispado. O caso atingiu proporções tais que a Santa Sé emitiu um comunicado – dois dias após o Papa Francisco ter recebido o bispo de Limburg – em que fez saber que o prelado vai ficar um período afastado da sua diocese. De acordo com a nota oficial divulgada pelo Vaticano, “a Santa Sé considera apropriado autorizar” o bispo a “um período de estadia fora da diocese, por não poder exercer nesta altura o seu ministério episcopal”. Coincidência, ou não, o Papa Francisco abordou o tema do dinheiro – no seu contexto geral -durante a missa celebrada na Capela de Santa Marta na segunda-feira passada, dia 21. O dinheiro serve para realizar muitas obras boas, para fazer progredir a humanidade, mas quando se torna a única razão de vida, destrói o homem e os seus vínculos com o mundo externo. Esta foi uma parte da conclusão que tirou do trecho litúrgico do evangelho de Lucas (12, 13-21). O dinheiro não deve ser exorcizado de modo absoluto, o que deve ser condenado, ao contrário, é o seu uso exagerado. a este propósito o Pontífice repetiu as mesmas palavras pronunciadas por Jesus na parábola do homem rico contida no Evangelho: Quem acumula tesouros para si, não se enriquece aos olhos de Deus. Daí o alerta: Prestai atenção e mantende-vos distantes de qualquer avidez. O Papa Francisco é conhecido pela sua modéstia, pela forma como põe em prática o evangelho, sobretudo ao serviço dos mais carenciados em todos os aspetos, morais ou materiais. a reforma que encetou na Igreja tem um sentido único: compatibilizar o evangelho com o mundo em que vivemos, não perdendo o sentido cristão basilar. Os gastos exagerados que os responsáveis da Igreja possam ter não estão de acordo com o voto de pobreza que todos os sacerdotes fizeram e que daí devem dar exemplo no trabalho para a comunidade. Também aqui há patamares de responsabilidade, a começar pelo Vaticano, passando pelas dioceses de todo o mundo, institutos religiosos e mesmo paróquias, isto só para mencionar o coletivo. O caso do bispo de Limburg poderá ser um exemplo extremo, mas a lição serve para todos os responsáveis da Igreja, mesmo em Portugal. Quantas vezes os Homens da Igreja valorizam mais as grandes construções, mesmo de igrejas para o culto, esquecendo ou desvalorizando as necessidades dos cristãos seguidores?Como é evidente há necessidade de dar dignidade aos lugares onde os cristãos se reúnem e oram, mas o bom senso aconselha a dar menos importância aos aspetos estéticos e culturais dos urbanística e mais às necessidades espirituais, e até materiais, dos crentes. a prática da oração tem tanto valor quando é feita numa igreja que custou milhões de euros, como numa capela simples com a qual foram gastos alguns milhares. O mesmo se poderá dizer de quase tudo o resto. No meio de tudo isto é necessário por em primeiro lugar o homem, não esquecendo as palavras do Senhor: amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.