«Se o amor era o centro vital da ética, de toda a ética, então, concluí­ surpreendido, que o amor teria de ser o critério de gestão das empresas»
«Se o amor era o centro vital da ética, de toda a ética, então, concluí­ surpreendido, que o amor teria de ser o critério de gestão das empresas»Um dia, em abril de 2009, esbarrei com uma frase de Dietrich Bonhoeffer, pastor luterano: O centro vital da ética cristã é o amor. Nunca tinha lido ou ouvido colocar a questão da ética assim. a ética ou era a partir do amor, ou não era. Muito menos no mundo dos negócios e da gestão das empresas alguma vez tinha ponderado a questão ética à luz do amor. Mas se o amor era o centro vital da ética, de toda a ética, então, concluí surpreendido, que o amor teria de ser o critério de gestão das empresas. Para um cristão não há alternativa a colocar a sua responsabilidade de líder empresarial noutros termos que não estes. Fui à procura dos manuais de ética, dos códigos de ética associativos e de empresa. Fui à procura das encíclicas papais, dos compêndios da Doutrina Social da Igreja, dos textos cristãos mais influentes sobre a vocação dos líderes empresariais. Confirmei que a palavra amor não aparecia ou raramente aparecia. O amor está referenciado nesses textos, mas sublimado ou contido noutras palavras ou expressões: dom de si, caridade, verdade, bem comum, virtude, dignidade humana, liderança responsável, princípios ético-sociais, serviço, bondade, responsabilidade social, santidade. Realizei, no entanto, que a palavra amor fazia toda a diferença. Era a palavra que me inquietava e me desinquietava. Era a palavra que, dita na selva dos negócios, verdadeiramente embaraçava e comprometia. Era a palavra que envolvia totalmente. Era a palavra que me expunha ao ridículo perante os meus pares da economia e me fazia temer por mim mesmo e, portanto, era a palavra que tornava Cristo presente nas empresas. E na minha vida. ao partilhar com outros líderes empresariais, percebi que sucedia o mesmo com todos. Um a um, reunião após reunião. amor na economia, amor na gestão empresarial, mas como?Fechámo-nos em salas para medir as consequências de dizer em público a palavra amor nas empresas. as empresas onde grupos cristãos se reuniram para debater este tema pareciam catacumbas, sítios de fé e de esperança, de segredo e de medo. Os líderes empresariais vivem focados em serem competentes. Também devem cuidar da competência enquanto cristãos e essa competência mede-se pela alegria que damos a Deus a cada dia da nossa liderança empresarial. Não há competência cristã sem amor e, por isso, por muito que nos desafie e desconcerte, um líder empresarial cristão competente gere a sua empresa com amor.