a tomada do poder na República Centro-africana por parte das forças de Michel Djotodia, chefe da coligação rebelde que tomou o controlo da capital, Bangui, está longe de trazer a normalidade
a tomada do poder na República Centro-africana por parte das forças de Michel Djotodia, chefe da coligação rebelde que tomou o controlo da capital, Bangui, está longe de trazer a normalidadePilhagens, agressões físicas, detenções arbitrárias e a tortura têm adensado o clima de medo, engrossado o número de deslocados e colocado a Rapública Centro-africna à beira da ingovernabilidade. Segundo afirmou o presidente francês, François Hollande, em agosto, a grave crise política e humanitária terá já causado cerca de um milhão e meio de deslocados. Numerosas cidades foram abandonadas e as populações estão sem acesso a cuidados de saúde, água e alimentos. Dados disponibilizados pelo arcebispo de Bangui e várias organizações não governamentais a operar na região indicam que cerca de 60 mil centro-africanos enfrentam graves necessidades de alimentos e mais de 200 mil tiveram de abandonar as suas casas, desde dezembro. Face aos riscos de uma somalização da República Centro-africana e do esquecimento internacional do conflito, o presidente francês apelou para que as Nações Unidas intervenham no país, uma posição que tem vindo a ser reiterada pelos altos funcionários da ONU que estão no terreno. apelo de Roma para a paz a União africana decidiu enviar uma força de 3. 600 soldados, equipados e treinados pela França, mas considera-se que este corpo especial não poderá fazer mais do que controlar a capital e as principais vias de acesso, tendo em conta que falamos de um país com 4,6 milhões de habitantes e com uma extensão equivalente à França e à Bélgica juntas. No início de setembro, o Conselho Nacional de Transição, constituído por representantes da sociedade civil e das diferentes confissões religiosas, definiu um acordo em Roma, na Comunidade de Santo Egídio, onde se reafirma a escolha irreversível do povo da República Centro-africana pela democracia pluralista e pelo compromisso com a reconciliação e a consolidação da coesão e unidade nacional. No documento, apela-se para que todos os atores políticos proíbam todas as formas de ação e propaganda feitas para incitar à violência, ao ódio étnico, regionalista, religioso e sexista, comprometendo-se a lidar com a política nacional, em nome do respeito mútuo, da liberdade de expressão e de aceitação mútua. a estratégia declaratóriaMas, dada a situação complexa do país, estes princípios corremo risco de fazerem parte do que o novo representante especial das Nações Unidas para a República Centro-africana, o senegalês Babacar Gaye, definiu como a estratégia declaratória das autoridades de Bangui, face ao agravamento da situação do povo centro-africano.