«O Orçamento de Estado para 2014, anunciado recentemente pelo governo, vem dificultar todo este papel social, pois algumas das medidas centrais afetam diretamente as famílias»
«O Orçamento de Estado para 2014, anunciado recentemente pelo governo, vem dificultar todo este papel social, pois algumas das medidas centrais afetam diretamente as famílias» Temos vindo a destacar, ao longo das últimas semanas, que a economia social é cada vez mais um pilar central do dia a dia das famílias e da própria economia. De facto, os atores da economia social e os públicos que para ela contribuem, ou dela beneficiam, têm tido um papel de enorme relevância e muitas vezes de equilíbrio para as famílias. No que respeita a este último ponto, o suporte familiar tem tido ultimamente um papel extraordinário, que se prende muito em colmatar as dificuldades com que as famílias jovens se têm deparado, principalmente fruto do efeito do desemprego, sendo mesmo difícil encontrar hoje um agregado familiar que ainda não tenha sido afetado, direta ou indiretamente por este flagelo. Tendo consciência deste suporte importantíssimo para a sustentabilidade das famílias, o Orçamento de Estado para 2014, anunciado recentemente pelo governo, vem dificultar todo este papel social, pois algumas das medidas centrais afetam diretamente as famílias. Em relação às pensões da Caixa Geral de aposentações, o Estado suporta-se na base da convergência com o sistema da Segurança Social, propondo um corte de 10 por cento para as pensões da função pública acima de 600 euros.com esta medida prevê-se um corte de cerca de 891 milhões de euros. a par desta intervenção, o governo pretende também cortar nas pensões de sobrevivência, através da introdução da condição de recursos na atribuição das pensões de viuvez, esperando poupar cerca de 100 milhões de euros. Estas são duas das medidas que afetam diretamente grande parte da população e nomeadamente aquela que tem tido, nos últimos tempos, um papel crucial em sustentar (pois este é o termo mais certo) familiares em dificuldade, equilibrando, dentro das suas possibilidades, as assimetrias económicas. Não podemos esquecer também que os cortes anunciados na área da saúde são também uma despesa acrescida, de forma indireta, à população mais idosa, ou seja, à que tem tido o papel de dar o tal’ equilíbrio e suporte familiar. Perante estas medidas, e com a perceção da situação em que se encontram as famílias, podemos concluir que houve um desinvestimento na economia social, podendo levar as famílias a dificuldades acrescidas, desenvolvendo o conceito de deseconomia social. *Economista e Consultor Financeiro