Bispos pedem ao governo que explique com clareza a forma como vai proceder aos cortes nas pensões de sobrevivência e viuvez. Teme-se que a medida aumente o sofrimento das famílias e cause problemas de gestão às instituições de solidariedade

Bispos pedem ao governo que explique com clareza a forma como vai proceder aos cortes nas pensões de sobrevivência e viuvez. Teme-se que a medida aumente o sofrimento das famílias e cause problemas de gestão às instituições de solidariedade
O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou esta terça-feira, 8 de outubro, grande preocupação com os efeitos dos cortes nas pensões de sobrevivência e viuvez e pediu ao governo que esclareça com urgência, e numa linguagem acessível ao povo comum, todos os pormenores da medida anunciada no domingo pelo ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social. É um esclarecimento fundamental para evitar ansiedades que às vezes degeneram em angústia, afirmou o porta-voz da CEP, padre Manuel Morujão. Segundo o sacerdote, que falava no final da reunião do Conselho Permanente da CEP, realizada em Fátima, há pessoas e instituições a passar por graves dificuldades e a redução nos rendimentos dos mais idosos pode tornar a situação ainda mais grave para as famílias e para as instituições. as IPSS [Instituições Particulares de Solidariedade Social] veem com grande ansiedade esses possíveis cortes, porque a gestão dessas casas que servem os mais idosos não será possível em muitos casos, explicou Manuel Morujão. Quem nos governa tem uma particular obrigação de solidariedade para com as franjas mais pobres da nossa sociedade. É esse esforço que esperamos dos nossos governantes, para que os pobres não fiquem mais pobres, adiantou o porta-voz da CEP, sublinhando que a sociedade civil só pode colaborar na resolução da crise se estiver bem informada, com clareza e transparência. Para Manuel Morujão, a forma como foram anunciados os cortes é como se fosse uma Espada de Dâmocles sobre quem já está em situação de pobreza ou de miséria, pelo que se torna urgente a promoção do diálogo, conducente à criação de um clima de esperança e não de angústia. Os bispos aprovaram ainda dois documentos que serão levados à próxima assembleia Plenária da CEP, entre 11 e 14 de novembro. Um deles está relacionado com os desafios éticos no trabalho humano e aponta caminhos para combater a emigração e o desemprego; o outro aborda a visão cristã da sexualidade, a propósito da ideologia do género.