«O Senhor vinga com justiça os oprimidos», canta o Salmo Responsorial deste domingo. «O homem rico morreu, e foi metido em tormentos na casa dos mortos. Morreu também o pobre Lázaro e foi levado pelos anjos ao seio de abraão»
«O Senhor vinga com justiça os oprimidos», canta o Salmo Responsorial deste domingo. «O homem rico morreu, e foi metido em tormentos na casa dos mortos. Morreu também o pobre Lázaro e foi levado pelos anjos ao seio de abraão» Há quem pense que as parábolas ditas pelo Senhor Jesus são meras histórias da carochinha. Mas no fundo da consciência humana, nas raízes onde mora a vida, é fácil sentir a sabedoria destas histórias, e mesmo ver o seu cumprimento nos acontecimentos da vida dos indivíduos e da história em geral. Há ricos que o são para bem dos outros, e há-os que o são só para si próprios. Há abastados que partilham os seus bens com os menos beneficiados, e há os que avolumam as suas contas à custa dos outros. Segundo a parábola do Evangelho deste domingo, o rico avarento comia do bom e bebia do melhor, vestia-se esplendorosamente, e negava ao pobre Lázaro as migalhas caídas da sua mesa. Único conforto do pobre eram os cães que lhe limpavam com a língua as chagas do seu corpo. Certas manifestações de avareza são um crime de alta injustiça contra os pobres, pois Deus criou os bens da terra para todos os seus habitantes. Tal como a hidra, o desejo da riqueza cresce por vezes desmedidamente e gera a ambição do poder sobre os outros. Tal é o caso de certos políticos cujo interesse não é o bem do povo mas a gosma de dominar que escraviza aqueles cujo interesse, por vocação, o político devia servir. Mesmo em situações de grande sofrimento do povo, por vezes os donos do poder, em vez de se unirem para resolverem as dores que atormentam tantas vidas, passam o tempo a lançar insultos uns aos outros, engolfados como andam no desejo de subirem ao topo do mando. Há exceções! Muitas? Poucas? Sim, há-as, gente lá de cima em cuja vida mora a justiça. Mestre Jesus cortou a questão pela raíz: Não podeis servir a Deus e ao dinheiro! (Mateus 6,24). ao fim, não poderá haver montanhas e vales: por justiça, tudo será nivelado. E os Ricos avarentos, afundados nos seus tormentos, suplicarão aos pobres Lázaros que molhem em água a ponta do dedo para lhes irem refrescar a língua. Impossível, pois o seu comportamento egoísta criou um abismo de separação entre eles escravizantes, e os escravizados (Evangelho deste domingo). Feliz daquele que cuida do pobre, o Senhor o assistirá no seu sofrimento, proclama Deus nos salmos (Sal 41,1. 4). E felizes, bem-aventurados, todos os que não são ricos, mas tratam das feridas dos mais pobres: Deles é o Reino dos Céus.