Querer atrair os jovens «a uma prática religiosa mediada por uma instituição, uma tradição e uma prática regulada parece cada vez mais difícil», afirmou Teresa Messias no início das Jornadas Missionárias e de Pastoral Juvenil
Querer atrair os jovens «a uma prática religiosa mediada por uma instituição, uma tradição e uma prática regulada parece cada vez mais difícil», afirmou Teresa Messias no início das Jornadas Missionárias e de Pastoral JuvenilO futuro não pode ser outro senão a própria missão, disse o bispo auxiliar do Porto, João Lavrador, na abertura das Jornadas Missionárias 2013 e das II Jornadas Nacionais da Pastoral Juvenil, nesta sexta-feira à noite, dia 20 de setembro, no Centro Paulo VI, em Fátima, com um tema relacionado com a Jornada Mundial da Juventude Missão ad gentes, ide e anunciai. Jornadas Missionárias e Jornadas de Pastoral Juvenil, em conjunto é uma feliz coincidência para olhar o mundo da perspetiva de Jesus, afirmou o diretor nacional das Obras Missionárias Pontifícias, padre antónio Lopes, que convidou os numerosos presentes a descobrir quanto Deus ama o mundo com o espírito jovem, uma vez que a missão é sempre jovem, porque inquieta e aposta na frescura e no vigor do Evangelho. as árvores são grandes porque têm fundas as raízes recordou o padre Eduardo Novo, diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil, convidando a todos a irem sempre mais em profundidade, ir às raízes da missão: Temos todos a mesma missão: evangelizar, mas o primeiro campo da missão é o nosso coração. Culturas juvenis frente ao fenómeno religioso foi o tema forte da noite, apresentado pela doutora Teresa Messias, professora de Teologia Espiritual, na Universidade Católica. Mostrando como desde o advento da modernidade, a cultura europeia tem sofrido grandes mutações na forma de se situar e relacionar com o fenómeno religioso em geral e a fé cristã em particular, a conferencista explicou que esta mudança do paradigma do conhecimento e da credibilidade da experiência religiosa atingiu o modo de busca e relação com Deus e com o Sagrado. Nesta mutação, também os jovens atingidos pela velocidade vertiginosa da era digital e virtual se tornaram uma realidade social fluida complexa pelo que, querer atraí-los a uma prática religiosa mediada por uma instituição, uma tradição e uma prática regulada parece cada vez mais difícil. Contudo – explicou a conferencista – Deus continua a revelar-se e a manifestar-se hoje na história e nos ritmos da cultura e das suas mutações, como sempre o fez e por isso há de ser possível para a fé cristã discernir não apenas a ausência, indiferença ou rejeição de Deus, mas uma outra forma de Deus se fazer presente e desejado no mais profundo do ser humano. O problema é que se continua a usar mediações culturais e institucionais que pouco dizem ao mundo juvenil. Há que repensar a Igreja na sua forma de se apresentar . Em vez de procurar atrair os jovens será mais producente ir ter com eles procurando ver neles uma busca de Deus. Que conversão nos pede este contexto?, pergunta Teresa Messias.como propor a fé neste contexto? E responde dizendo que há que recuperar a experiência espiritual da Igreja e fornecer aos jovens ferramentas tais que eles próprios vejam o que devem fazer para se encontrarem com Deus, na Igreja e no mundo. Isto é, será necessário apoiá-los numa verdadeira experiência de Deus através de uma espiritualidade baseada na escuta e na vivência da misericórdia.