Milhões de coreanos percorrem o país, rumo à terra natal, para celebrar com a família o «Chusok», a festa das colheitas. Este ano, a celebração tem um sabor especial: acontece num contexto de reaproximação entre as duas Coreias
Milhões de coreanos percorrem o país, rumo à terra natal, para celebrar com a família o «Chusok», a festa das colheitas. Este ano, a celebração tem um sabor especial: acontece num contexto de reaproximação entre as duas Coreias a celebração do Chusok é um momento muito especial para os coreanos. Tal como no Solal (dia do ano novo do calendário chinês), milhões de pessoas deslocam-se à terra natal para encontrar a família, viva e defunta. Ou seja, parte desta festa inclui uma visita ao cemitério, pois os antepassados são também parte deste ritual anual. O centro desta reunião é precisamente o chessa, no qual é prestada uma homenagem especial aos que já partiram deste mundo (em certo sentido, é o equivalente ao nosso Dia dos Fiéis Defuntos). Este ano, a celebração tem um sabor muito especial, sobretudo para cerca de 100 cidadãos sul-coreanos e seus familiares ainda vivos da Coreia do Norte. Isto porque está agendada para os dias 25 a 30 deste mês um encontro de famílias separadas, a primeira desde o final de 2010, quando estes encontros foram suspensos. Os responsáveis da Cruz Vermelha das duas Coreias já trocaram as listas finais dos que irão encontrar seus parentes, após 60 anos de separação. De facto, a guerra das Coreias terminou em 1953, tendo sido assinado na altura um armistício e não um tratado de paz. Ou seja, tecnicamente as Coreias estão ainda em Guerra. Isto explica o porquê da forte presença militar norte-americana no território sul-coreano e as constantes ameaças de guerra por parte do governo do norte. a Cruz Vermelha anunciou planos de um encontro via televisão para os que não conseguirem fazê-lo pessoalmente. E as duas Coreias estão já de acordo em relação a uma segunda reunião ainda este ano, a ter lugar em novembro. Também esta semana foi reaberto o complexo industrial de Kaesong, após cinco meses de inatividade forçada, precisamente por causa da tensão nuclear que se viveu no início deste ano. Esperamos que estes gestos concretos de reaproximação possam continuar, se bem que a história nos tem ensinado que dificilmente isso acontecerá, pois a Coreia do Norte insiste em levar por diante o programa nuclear. Mas por enquanto, os sul coreanos saboreiam estas iniciativas e alegram-se sobretudo com os idosos, que poderão ver finalmente realizado o sonho de um último encontro com os que deixaram do outro lado da fronteira há seis décadas.