Com o Papa Francisco, a Igreja volta a por a paz na ordem do dia. Claro que a paz não tem preço, mas as consequências da paz poderão não interessar aos detentores de interesses alheios à boa harmonia dos povos
Com o Papa Francisco, a Igreja volta a por a paz na ordem do dia. Claro que a paz não tem preço, mas as consequências da paz poderão não interessar aos detentores de interesses alheios à boa harmonia dos povosNa missa solene do Domingo da Ressurreição, primeira do pontificado do Papa Francisco, que já tinha apelado à paz através da sua mensagem pascal, o Papa lamentou que o mundo esteja dividido pela ganância de quem procura lucros fáceis e ferido pelo egoísmo que ameaça a vida humana e a família. De modo particular, criticou o tráfico de pessoas, a escravatura mais extensa neste século XXI. após ter referido as Coreias, falou sobre o Iraque e a Síria: Paz no Iraque, para que cesse definitivamente toda a violência e, sobretudo, para a amada Síria, para a sua população vítima do conflito e para os numerosos refugiados, que esperam ajuda e conforto. Já foi derramado tanto sangue. Quantos sofrimentos deverão ainda atravessar antes de se conseguir encontrar uma solução política para a crise?. Não esqueceu também outros continentes, como o Médio Oriente e a África.

Cerca de seis meses depois, eis que o Papa Francisco volta a agarrar a paz, desta vez com todas as armas ao seu dispor, não apenas com palavras, mas com atos utilizando toda a força diplomática da Santa Sé. Durante alocução do angelus do passado domingo, o Santo Padre disse: Decidi convocar para toda a Igreja, no próximo dia 7 de setembro, véspera da Natividade de Maria, Rainha da Paz, um dia de jejum e de oração pela paz na Síria, no Médio Oriente e no mundo inteiro, e convido também a unir-se a esta iniciativa, no modo que considerem mais oportuno, os irmãos cristãos não católicos, aqueles que pertencem a outras religiões e os homens de boa vontade.

a Secretaria de Estado do Vaticano convidou todos os embaixadores acreditados para uma reunião à qual compareceram 71 representantes internacionais. O secretário para a Relação com os Estados (países), Dominique Mamberti, referiu aos diplomatas a jornada de orações pela paz. Ele reiterou a preocupação da Igreja Católica com a guerra na Síria e o agravamento da crise na região. Mas o pontífice foi mais longe e escreveu uma carta ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, que recebeu o G20 (grupo das 20 maiores economias mundiais) em São Petersburgo (Rússia). Na missiva, Francisco apelou para que Putin se esforce para evitar uma guerra na Síria e lembra que outros interesses se têm sobreposto à paz. Segundo o Papa, é fundamental buscar uma solução negociada para o fim da crise na Síria.

O Papa Francisco utilizou ainda as redes sociais – o Twitter – para dirigir uma mensagem elucidativa: Com todas as minhas forças, peço às partes envolvidas no conflito que não se fechem nos próprios interesses. O apelo do Pontífice ocorreu na véspera da jornada de orações, convocada por ele para ontem, sábado, no esforço de evitar a ação militar na Síria, liderada pelos Estados Unidos. Na próxima semana, o Senado dos Estados Unidos votará a resolução, apresentada pelo presidente norte-americano Barack Obama, de uma intervenção militarna Síria, que poderá durar até 90 dias. Os norte-americanos alegam que a ação é uma reação ao uso de armas químicas cuja responsabilidade é atribuída ao governo do presidente sírio, Bashar al assad.

Ontem, sábado, o Papa Francisco presidiu à vigília de oração pela paz, na Praça de São Pedro, mas em todo o mundo realizaram-se orações pela mesma intenção, correspondendo assim ao apelo do sucessor de Pedro. a paz é um bem que não tem preço. O seu custo está na boa vontade dos homens, pois primeiro tem de brotar do coração e só depois poderá ser absorvida. O Papa dizia na carta que enviou a Putin que sem paz não há desenvolvimento económico no mundo. a violência nunca traz a paz, condição necessária para esse desenvolvimento. a economia mundial vai realmente crescer na medida em que todos tiverem oportunidade de uma vida digna, desde os idosos até às crianças ainda no ventre materno.