«Os jovens devem contribuir na determinação do seu crescimento»
«Os jovens devem contribuir na determinação do seu crescimento» Entrei para os escuteiros com seis anos, de uma forma natural o meu pai tinha sido escuteiro, e o meu avô também, numa alcateia que houve no Reguengo do Fetal, Batalha, na década de 20 do século passado. Foi tão natural que tenho poucas recordações desses primeiros anos, a minha paixão pelo escutismo surgiu mais tarde, por volta dos 12 anos, tornando-se obsessão por volta dos 15, nessa ocasião, a minha vida girava à volta do movimento. Felizmente, era bom aluno e por isso os meus pais não se preocupavam por eu gastar muito mais tempo com o escutismo do que com as aulas. Os ideais da fraternidade, do sentido dos outros, do respeito pela natureza e da busca da felicidade passaram a ser os meus, e penso que foi neles que construí o que sou hoje. Os meus amigos, os meus laços afetivos e as minhas referências são, ainda hoje, as dos escuteiros, pois não consigo imaginar-me sem esse período da minha vida. Nos anos seguintes, já como adulto, procurei contribuir para que outros pudessem ter e viver essa experiência, num processo também ele muito gratificante e em que desenvolvi competências que, agora, me são muito úteis: de organização, envolvimento interpessoal, trabalho em equipa, respeito e sempre procurando ser feliz. atualmente, mais distante, consigo avaliar o potencial do escutismo enquanto movimento educativo de uma outra forma e percecionar como um movimento com mais de 100 anos continua vivo e atuante. a resposta é simples e tem a ver com a capacidade de se auto inventar que lhe é dada pelo facto de os jovens escuteiros serem eles também atores ativos no seu processo formativo. Por isso, o escutismo no tempo do meu avô foi diferente do do meu tempo e é diferente do atual. É este princípio, de que os jovens podem e devem também contribuir na determinação do seu processo educativo e de crescimento, que tanto os tem apaixonado pelo escutismo, durante tanto tempo. E é isso que todos os dias os adultos envolvidos no movimento têm de perceber e pôr em prática! Como já referi, durante anos, não consigo dissociar a minha vida do escutismo nesse período da juventude. acho que se fundiram e, hoje, sou o resultado disso. O meu contributo para a sociedade será agora outro mas, qualquer que ele seja, é-o porque, em tempos, e com os melhores amigos que alguém pode desejar, tivemos a oportunidade de viver uma aventura extraordinária que foi ser escuteiro!*Empresário, presidente executivo do Grupo inCentea