Relatando a experiência de missão em Moçambique durante 14 anos, Herculano Silva não hesitou em afirmar que «o trabalho desses anos foi aliciante e compensador» em todos os aspetos, não obstante as agruras por que passou

Relatando a experiência de missão em Moçambique durante 14 anos, Herculano Silva não hesitou em afirmar que «o trabalho desses anos foi aliciante e compensador» em todos os aspetos, não obstante as agruras por que passou

Herculano Neves da Silva, missionário da Consolata, celebrou no dia 25 de agosto as suas bodas de ouro sacerdotais. Foram 50 anos ao serviço da Igreja missionária e do Instituto da Consolata. a capela da sua terra natal, Montelo, freguesia de Fátima, foi pequena para acolher todos aqueles que quiseram unir-se à sua ação de graças. O apreço da comunidade ficou expresso na lembrança que quiseram oferecer ao festejado: um belíssimo quadro de Nossa Senhora da Vida, padroeira de Montelo. Na sua homilia, o festejado, deixando de lado os serviços que prestou ao Instituto ao longo destes anos como superior provincial, como administrador e formador, pôs em relevo sobretudo a experiência da missão direta em Moçambique. Não hesitou em afirmar que o trabalho desses anos foi aliciante e compensador, deu-me muita satisfação. Da experiência dura desses 14 anos destacou o período de formação pastoral das comunidades antes e depois da independência dessa antiga colónia portuguesa. Foi um tempo de grandes preocupações, porque o período que se seguiu à independência foi marcado pelo regime marxista-leninista para quem a Igreja era considerada obscurantista e o braço do imperialismo americano, afirmou. Daí as perseguições à Igreja que se concretizaram primeiramente nas nacionalizações de tudo aquilo que as missões possuíam: Escolas, internatos, postos de saúde, lojas, moinhos Mas foi um período altamente compensador em todos os aspectos não obstante as agruras por que passámos. Pouco a pouco – continua o missionário – percebemos que a finalidade que eles tinham era que saíssemos de Moçambique, não por expulsão direta, mas pelas condições que nos tinham criado Foi um período realmente duro pelas restrições que eles nos impuseram de todas as maneiras obrigando todos os missionários a concentrar-se nas cidades, depois de nos terem tirado tudo. Essa dura experiência foi aproveitada pelos missionários preparar uma verdadeira Igreja ministerial através da organização dos vários ministérios em cada comunidade. Isto responsabilizou os cristãos que em cada comunidade se organizaram, construindo as suas próprias capelas, após as nacionalizações, e levando por diante a pastoral ordinária com a catequese, as celebrações da Palavra e grande parte dos serviços pastorais. Por outro lado, os missionários, encerrados na cidade, aproveitaram o tempo para fazer livros, lecionários em língua local e outros opúsculos para apoio dos responsáveis para que eles pudessem assistir pastoralmente as comunidades mesmo sem a presença dos missionários. Fizemos centenas de livros, explicou, com um certo orgulho, este missionário e pastor. Em declarações à FÁTIM a MISSIONÀRIa, dos outros períodos da sua longa experiência, o padre Herculano destacou o tempo em que serviu o Instituto como superior provincial e sobretudo o tempo em que foi administrador provincial, relevando particularmente neste período a satisfação de colaborar com algo para a missão, com apoios concretos aos projetos dos missionários, enviados através dos canais do Instituto.com 76 anos de idade, Herculano Silva sente-se relativamente bem de saúde, fazendo uma vida normal na sua comunidade de Águas Santas (Maia) onde para além do apoio pastoral às comunidades, exerce atualmente o cargo de administrador da casa.