Quando em todo o mundo não para de subir o número de pobres, é importante refeletirmos. Pobres e ricos, sempre os haverá, mas é nossa obrigação lutar para que os desfavorecidos sejam cada vez menos
Quando em todo o mundo não para de subir o número de pobres, é importante refeletirmos. Pobres e ricos, sempre os haverá, mas é nossa obrigação lutar para que os desfavorecidos sejam cada vez menosÉ fácil reparar no elevado número de pobres que diariamente vão engrossando a lista daqueles que pouco ou nada têm. Contudo, também constatamos a indiferença com que a maior parte da sociedade encara o problema. a pobreza não é, nem nunca foi, uma inevitabilidade. Não nasce pobre quem quer, mas já nascem ricos aqueles que o são, com as exceções dos que, nascendo pobres, conseguem chegar ao patamar da riqueza. No entanto, isso apenas confirma a regra. a pobreza pode, e deve ser, um estado provisório. Governos e sociedade têm a obrigação de a minorar, criar condições para que seja esbatida a diferença existente entre as duas classes.

O papel que cabe aos governos e que estes não cumprem tem sido colmatado um pouco por todo o mundo por Organizações Não Governamentais (ONG), que a nível nacional, europeu e mundial vão fazendo um trabalho importante de recolha e entrega de bens, especialmente os de primeira necessidade. Em Portugal há instituições, sobretudo ligadas à Igreja, como Misericórdias e serviços sociais dependentes da hierarquia e paróquias, para além de outras de iniciativa individual ou coletiva fora deste âmbito, que trabalham em favor dos desfavorecidos. Umas e outras procuram combater as dependências e necessidades dos mais fragilizados, embora não consigam chegar a todos, como é natural.

O desemprego quer em Portugal, quer na Europa, criou novas faixas de pobreza: a daqueles que vivendo dos rendimentos auferidos se viram de um momento para o outro em precárias condições económicas pela falta de um meio de sustentabilidade. O modelo económico da Europa, imposto, gerido e, também, em parte sustentado, pelos países mais poderosos, prevalece tendo em conta os seus interesses. aqui são os países de menor expressão, os menos populosos e os mais pobres, que sofrem as consequências. Ou seja, a Europa social, que presidiu à ideia dos fundadores da União Europeia, foi deturpada e é dominada pelos mais poderosos em proveito próprio.

No nosso país, que teve na má condução das políticas económicas a razão da sua queda, mais acentuadamente na última década, e que acabou por penalizar a maior parte da população, há agora a necessidade de maior rigor em muitos aspetos, não só económicos como outros. É prioridade, quase absoluta, criar nas pessoas o espírito de economizar mesmo nas pequenas coisas, mas também é preciso incentivá-las a criar e contribuir para a riqueza nacional. Possivelmente o problema estará em como o fazer. aqui vai ser necessário recorrer à imaginação, coisa em que o português é fértil, mas insuficiente se as pessoas não forem ajudadas por quem deve e o pode fazer.

Começamos por afirmar que sem pobres não haveria ricos, mas devemos lembrar que sem ricos também não será minorado o problema dos pobres, o que embora pareça um contra senso, não o é. Quando Cristo disse que dos pobres será o Reino dos Céus não estaria a falar do aspeto económico, mas espiritual. Mas Ele não fechou a porta aos ricos, são estes que a fecham quando não cumprem o seu dever social de usar bem os bens que receberam, portanto quem os usa corretamente não será penalizado.

Quanto aos mais desfavorecidos a sua preocupação é a sustentabilidade do dia a dia e é com esse sentido que lutam por suprir as necessidades básicas. Porém, correm o risco de perder a esperança numa Vida melhor, aquela que Cristo prometeu para além da morte. Utilizemos o nosso espírito de partilha quer dos bens terrenos, quer dos espirituais que o Senhor nos concedeu e que é nosso dever transmitir.