Peça do século XVIII, de 43×36 cm, da exposição permanente do Museu de arte Sacra e Etnologia.
Peça do século XVIII, de 43×36 cm, da exposição permanente do Museu de arte Sacra e Etnologia. O Senhor da Paciência é expressão de uma devoção que se desenvolveu pelo Norte alentejano, Região de Portalegre, afeita ao sentir religioso desta gente pelas dores de Cristo (Senhor da Paciência, do Bonfim, da Piedade e dos Passos).
Desconhece-se a origem desta imaginária, embora E. Mâle diga que os Cristos sentados são de origem francesa, sobretudo da Bretanha, século XV. a inspiração do Senhor da Paciência, nos séculos passados, não minimiza a singularidade da devoção e desta imaginária, porquanto a região de Portalegre se apropriou dela, vindo a constituir um património local.
Os Senhores da Paciência tiveram a maior difusão durante os séculos XVII e XVIII. a sua figuração é serena, à maneira grega, afora os sinais (chagas e feridas) e instrumentos da Paixão (coroa de espinhos), sentado, coroado de espinhos, despojado das vestes, segurando a cabeça com a mão.
Pode representar uma atitude de repouso, final de luta, mas vitorioso, apesar da figuração dolorosa. Entende-se como o Senhor de todas as dores, carregando os males dos homens, sem relação com o Ecce Homo ou o Senhor da Cana Verde, tão divulgados, igualmente, naquele local.
O Senhor da Paciência, como originalidade religiosa e figurativa, é, por assim dizer, o resumo da Paixão. a figuração dolorosa é ultrapassada por este sofrimento sereno, dor gloriosa do Senhor da Paciência ou a glorificação da Paixão, da elevação na cruz, sofrimento e dor que resumem e integram, ao mesmo tempo, os males da humanidade.
Heitor Patrão