« a vida é um dom encantador que não se pode desbaratar. Vivê-la bem, com amor e respeito por tudo quanto o Criador nos concedeu, é sinal de inteligência e sensatez»
« a vida é um dom encantador que não se pode desbaratar. Vivê-la bem, com amor e respeito por tudo quanto o Criador nos concedeu, é sinal de inteligência e sensatez»as minhas férias eram sempre a monotonia do costume. De bar em bar, de discoteca em discoteca, de evasão em evasão. O mesmo cansaço e insatisfação. Mas naquele ano foi diferente. Um amigo, verdadeiramente amigo, convidou-me para uma ‘semana de deserto’. Foi assim que ele a chamou. E o que é isso? Perguntei. Vem ver. Só te pedimos que te libertes de ti mesmo. Fui, à experiência. No princípio tudo me era estranho e eu, crítico e céptico, pouco ou nada entendia. Depois comecei a fazer o que me pediam: trabalho, leitura, silêncio, reflexão. E entendi ali mesmo que quem tem Deus como centro tem o universo inteiro como circunferência. É com o testemunho de um jovem de 19 anos que abro esta reflexão sobre o tempo de férias, de que todos precisam para pacificar a vida e recuperar o equilíbrio, facilmente quebrado por ritmos e ruídos enervantes, pressas e horários. Tensos e fatigados, divididos e dispersos, precisamos de prestar um pouco mais de atenção a nós próprios e aos outros. Bastam algumas semanas de ar livre, de descontração e de sol para voltarmos pacificados. Férias como reencontro: Espero pelo verão como quem espera por uma outra vida (Ruy Belo). a vida é um dom encantador que não se pode desbaratar. Vivê-la bem, com amor e respeito por tudo quanto o Criador nos concedeu, é sinal de inteligência e sensatez. Fundamental é fazer um banho de natureza para pacificar o olhar e adquirir um novo vigor. Olhar as aves do céu. Contemplar as flores do campo. Deixar-se tocar pela brisa do mar ou da montanha. Repousar nas belezas naturais como sinais eloquentes da beleza eterna de Deus. Férias como crescimento nas relações humanas. Os contactos humanos são sempre enriquecedores, e um dia havemos de ver como Deus construiu a nossa vida através de outras vidas. acredito que aquilo que mais nos descansa é uma relação saudável com outra pessoa sem ter de me estar a defender, a mascarar ou a arranjar conversa, e isso é o que acontece com Deus (V. P. Magalhães). Férias como tempo solidário: cada gesto feito com amor deixa paz e alegria no coração de quem o faz e de quem o recebe, e é tesouro acumulado no céu. Descanso ajudando a descansar no serviço gratuito aos que mais precisam: junto de outros povos e culturas, em apoio a pessoas singulares necessitadas ou no acolhimento benfazejo a pessoas em recuperação. Férias como tempo do Espírito para um encontro mais prolongado com Deus e os seus valores: uma caminhada rumo a um santuário, uma semana bíblica, litúrgica ou missionária, a leitura de um bom livro podem tornar-se verdadeiras escolas de vida, de silêncio ou mesmo de oração. É um descanso que faz reencontrar a vida.