a guerra não é só de armas, mas também de símbolos. as alternativas de comunicação são uma maneira de manter a união entre as comunidades fomentando os seus processos de intercâmbio e de identificação.
a guerra não é só de armas, mas também de símbolos. as alternativas de comunicação são uma maneira de manter a união entre as comunidades fomentando os seus processos de intercâmbio e de identificação. Maurício Beltrán, coordenador de Sipaz, considera que na Colômbia se enfrenta uma guerra de guerreiros, mas também uma guerra de símbolos: “Guerra feita pelo descaramento com que se começa a dar notícias de sangue para depois seguir com os golos e acabar com as rainhas de beleza machistas que repetem ou lêem informação frí­vola”. Uma espécie de cinismo ronda algumas edições dos meios de comunicação comercial que começam agora a questionar o seu modo de informar e a sua responsabilidade social frente ao contexto actual que vive o país.
alirio González, membro de Sipaz através do nó do Piedemonte amazónico, lidera a emissora comunitária Belén de Los andaquis. Desde aí­, dedicou-se a capturar os sons das aves da sua região, as vozes dos vendedores ambulantes, os efeitos que se produzem ao escutar os rios ou as simples referências à vida quotidiana desta povoação situada onde os andes descem para transformar-se na amazónia. afirma que a literatura, a educação e os mesmos meios de comunicação comercial “nos tornaram pessoas envergonhadas dos nossos saberes, músicas, sotaques regionais, línguas indígenas, mitos e rituais; tornaram-nos num país de excluídos”.
Por isso recebe a proposta comunicativa de Sipaz em relação a encontrar os símbolos onde se recolhe essencial para reconhecer-se como povo e aceitar-se. Por isso, González não duvida em assinalar que “enquanto os governos improvisam soluções que mostram o seu fracasso cada quatro anos, as comunidades devemos manter-nos numa procura sistemática para encontrar saídas às exclusões e às injustiças que são a base da guerra.
a experiência da Sipaz começa a ser convocada nos foros académicos sobre o pós-conflito pois desde agora que se propõe o resgate do chamado “tecido social”, composto por múltiplos autores sociais que coincidem num projecto de país.
Como declara Sipaz numa das suas linhas mestras: “algum dia vão chegar ventos propí­cios para Colômbia. Então reconstruir o país vai ser uma tarefa de titãs. Sairão das neblina os que sempre estiveram aí­, levantarão as suas bandeiras os que muito as guardaram e protegeram, deixarão o seu exemplo quem o alimentou e o fez semente. Veremos esse grande contingente humano que hoje a Terrí­vel tormenta oculta e que nós, timidamente, às vezes com receio, temos de mostrar decisão”.