Eugénio Dal Corso, administrador apostólico da diocese de Cabinda desde a semana passada, foi espancado e impedido de celebrar missa na paróquia da Imaculada Conceição.
Eugénio Dal Corso, administrador apostólico da diocese de Cabinda desde a semana passada, foi espancado e impedido de celebrar missa na paróquia da Imaculada Conceição.

O bispo de Saurimo, no Nordeste de angola, Eugénio Dal Corso, italiano de 66 anos, administrador apostólico da diocese de Cabinda desde a semana passada, foi segunda-feira espancado e impedido de celebrar missa na paróquia da Imaculada Conceição, na capital do enclave, noticiou a Voz da américa.

O prelado e alguns sacerdotes foram surpreendidos na sacristia por um grupo de elementos que protestava contra a sua presença no território de Cabinda e que o colocou dentro de um armário. Muitos dos habitantes da região só querem um bispo natural da mesma, como o era Paulino Fernandes Madeca, que, no princípio deste ano, resignou por limite de idade. a fúria dos agressores teria atingido igualmente na segunda-feira o pároco da Imaculada Conceição, Jorge Casimiro Congo, um dos sacerdotes mais conhecidos de Cabinda e defensor do direito do respectivo povo à autodeterminação e quiçá à independência.

Já no sábado a missa a que o bispo Eugénio Dal Corso, dos Pobres Servos da Divina Providência, de Verona, presidira na sé catedral da cidade de Cabinda, obrigara à presença da polícia de Intervenção Rápida, devido a um movimento de agressão ao prelado, que desde Janeiro de 1997 é o titular de Saurimo, na Lunda Sul.

Devido aos espancamentos de segunda-feira, o bispo italiano foi conduzido ao hospital, a fim de receber tratamento às equimoses que sofrera num dos pulsos, no rosto e no peito, em mais uma das provas do radicalismo de certos naturais de Cabinda que não aceitaram para seu prelado o bispo angolano Filomeno Vieira Dias, no primeiro trimestre deste ano, designado pela Santa Sé, e que ainda não conseguiu ser entronizado. Tanto o bispo resignatário, Paulino Madeca, como o próprio arcebispo de Luanda, Damião Franklin, presidente da Conferência Episcopal de angola e de São Tomé, renunciaram já, sucessivamente, ao cargo de administrador apostólico da diocese de Cabinda, que deveriam ocupar enquanto não se resolvesse a polémica causada pela escolha por João Paulo II, há mais de quatro meses, do bispo Filomeno Vieira Dias.

O arcebispo de Luanda, ele próprio natural de Cabinda, e que tinha como auxiliar o prelado que a população não quer aceitar, chegou a ser apedrejado em Março na catedral desta terra profundamente católica, onde são mais apreciados os laços históricos a Portugal do que a actual associação administrativa a angola.