O clima de aproximação entre o governo chinês e a igreja católica pode ser prejudicado. O bispo Júlio Jia Zhiguo, de 70 anos, voltou a ser preso, depois de já ter estado mais de 20 anos na prisão.
O clima de aproximação entre o governo chinês e a igreja católica pode ser prejudicado. O bispo Júlio Jia Zhiguo, de 70 anos, voltou a ser preso, depois de já ter estado mais de 20 anos na prisão.

O governo da República Popular da China prendeu o Bispo católico D. Júlio Jia Zhiguo, de 70 anos, que já passou mais de duas décadas da sua vida na prisão. Esta decisão pode prejudicar as últimas tentativas de aproximação entre o Vaticano e a China, levadas a cabo desde a eleição de Bento XVI.
O Bispo da Igreja “subterrânea” de Zhengding, no Norte da China, foi detido sob o pretexto de ser levado para “controlos de saúde” por representantes do governo. a denúncia é feita pela agência asiaNews, do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras (PIME).
D. Jia, Bispo fiel ao Vaticano ordenado em 1980, não está doente nem precisa de nenhum tratamento, segundo a asiaNews.
Esta é a sexta vez que o prelado é preso desde 2004. Numa dessas ocasiões, a Santa Sé manifestou a sua indignação num comunicado oficial em que classificava como “indamissí­vel” a prisão de Bispos católicos “num país que declara garantir a liberdade de religião e repeitar os direitos humanos”.
“Estamos perante uma tentativa de convencer D. Jia a aderir à associação patriótica, um órgão do partido comunista chinês que procura controlar a Igreja católica, formando uma Igreja independente da Santa Sé e do Papa”, explica a agência do PIME.
D. Júlio Jia Zhiguo lidera a diocese mais viva da província de Hebei, onde se regista a mais alta concentração de católicos. Vive quase sempre em prisão domiciliária e é muitas vezes levado para locais desconhecidos em alturas de vistas de chefes de Estado à China.
O governo chinês cortou relações com o Vaticano em 1951, dois anos após a subida do Partido Comunista ao poder. a Santa Sé mudou então a sede de Pequim para Taipé e é um dos 25 países do mundo que mantém relações diplomáticas com Taiwan, em detrimento da China.
a Igreja clandestina na China, fiel ao Papa, é formada por católicos que não aceitam o controlo exercido pelo governo comunista através da associação Patriótica Católica, instituição que se atribui o direito de nomear bispos ou controlar outros muitos aspectos da vida da Igreja. Embora o Partido Comunista (68 milhões de membros) se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais, entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina” conta mais de 8 milhões de fiéis, que são obrigados a celebrar missas em segredo, nas suas casas, sob o risco de serem presos.

[Octávio Carmo, Ecclesia – www.ecclesia.pt]