Moçambique comemorou o dia da sua independência. Trinta anos depois ainda há muito a fazer. No entanto há razões para comemorar: a liberdade conseguida e a crescente consciência nacional.
Moçambique comemorou o dia da sua independência. Trinta anos depois ainda há muito a fazer. No entanto há razões para comemorar: a liberdade conseguida e a crescente consciência nacional. antes de mais quero desculpar-me perante todos vós que por vezes dais uma vista de olhos nesta página que me foi confiada. Já tereis notado que por vezes a nova notícia atrasa, não aparece no prazo previsto. Certamente, como jornalista, deixo muito a desejar. Não sou muito constante e sou bastante desorganizado. Unindo estas características pessoais à luta que todo o comum humano deve travar pela sobrevivência, o resultado é este que se vê: não fazer nem metade do que se tem para fazer e o pouco que se faz com pouca qualidade. Mais uma vez me desculpo com os leitores.
Outra indicação de que sou mau jornalista é que no jornal notícias de Maputo, de terça-feira 28 de Junho, li uma notícia que muito me chocou, porque contradiz muito daquilo que é a minha opinião. Durão Barroso afirmou que “Moçambique é exemplo na gestão de fundos”. Ora, do meu modesto ponto de vista, se este foi o exemplo apresentado muita coisa na Política de Portugal dos últimos tempos está explicada e não é necessário esclarecer mais (fugas repentinas para cargos europeus, governos que começam a cair também em Portugal, etc. ). O capitão que abandona o barco que mete água nas mãos de um segundo que apressa o naufrágio, seria um bom tema para o folclore popular ou para a contra informação.
No dia 25 de Junho Moçambique celebrou os trinta anos de Independência. Certamente uma festa muito sentida porque celebra o direito à liberdade, que é um direito de cada nação e podemos dizer de cada ser humano. Todos e cada um têm o direito de escolher o próprio caminho sem que este seja imposto por ninguém.
Infelizmente, para nós Portugueses, o nosso país está associado ao tempo anterior à independência e por vezes somos tentados a pensar que “antes eles estavam melhor”, mas na verdade devemos alegrar-nos com este acontecimento.
Não é verdade que antes estavam melhor, porque não eram livres. Sem liberdade as outras coisas não têm nem valor nem sentido. Esta é uma certeza que na minha opinião deveria acompanhar a vida de cada um. Qualquer coisa, seja ela qual for, se exige o sacrifício da nossa liberdade não vale a pena. O meu campo de estudo é a Bíblia e São Paulo muitas vezes repete a ideia de que Jesus veio para nos tornar livres e que não devemos tornar-nos escravos de nada porque temos “a Liberdade dos Filhos de Deus”. Não há nada (nem dinheiro, nem religião, nem partido, nem coisa alguma) que nos possa mutilar a capacidade de opinião e de escolha, porque seria penalizar a nossa condição humana. Portanto, a independência de Moçambique foi uma coisa positiva e é motivo para agradecermos a Deus.
Numa das paróquias os cristãos quiseram organizar uma missa de acção de Graças no dia da festa, mas demonstraram algum receio quando vieram comunicá-lo por eu ser português. Fez-me notar que talvez também eu já tenha usado demasiado o argumento “estavam melhor antes”. Também me faz notar que já estou a ficar velho. São os velhos que olham o passado com saudade. Quem é jovem, por fora ou por dentro, olha sempre e somente para o futuro com esperança. Hoje estamos melhor do que ontem e pior do que amanhã. Esta tem de ser uma certeza de cada um de nós, caso contrário a vida é demasiado difícil.
No dia 25 de Junho, por ocasião das comemorações da independência, muitas das personagens internacionais convidadas participaram nos festejos que contaram com comícios, musica e, sobretudo, com uma grande afluência de povo. Não obstante a tentativa de manipulação desta festa pela propaganda (ainda comunista) do Partido Frelimo, penso que foi positiva e fez avançar Moçambique mais um passo no caminho da consciência nacional.
Para terminar quero somente recordar uma frase que o ex-presidente da republica portuguesa, Mário Soares, convidado para este dia de festa, deixou escapar no noticiário da TVM. Quando o jornalista lhe perguntou o que pensava de Moçambique, a resposta foi “Depois de trinta anos pensei que estava mais desenvolvido”. E ele não saiu de Maputo. Senhor José Barroso: “E esta, hein?”.