Duas associações portuguesas foram distinguidas esta quinta-feira, em Lisboa, pelas ações que pretendem desenvolver na luta contra uma prática corrente e enraizada nas comunidades africanas
Duas associações portuguesas foram distinguidas esta quinta-feira, em Lisboa, pelas ações que pretendem desenvolver na luta contra uma prática corrente e enraizada nas comunidades africanas Os projetos das associações Balodiren e Morabeza, para combater a prática da mutilação genital feminina, foram premiados esta quinta-feira, 20 de dezembro, pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG). O dinheiro do prémio será usado em atividades de sensibilização e prevenção junto das comunidades africanas a residir na zona da Grande Lisboa. Segundo Fátima Duarte, presidente da CIG, o objetivo do concurso Contra a MGF – Mudar aGora o Futuro, é capacitar as associações para combater a mutilação genital feminina (MGF) e envolver as comunidades locais nesse combate. Sendo uma tradição corrente e enraizada há séculos em cerca de 30 países, sobretudo no continente africano, o costume instalou-se também na Europa, devido aos fluxos migratórios. Este tipo de mutilação afeta essencialmente raparigas com idades entre os cinco e os dez anos e provoca danos graves na saúde e na sexualidade, podendo até causar a morte. Calcula-se que 130 milhões de mulheres tenham já sido submetidas à MGF e que três milhões de raparigas estejam em risco anualmente. Djarga Seidi, presidente da Balodiren e membro de uma das etnias islamizadas da Guiné-Bissau que mantêm a prática da MGF, disse, em declarações à agência Lusa, que o projeto, distinguido com o 1. º prémio, de 15 mil euros, vai focar-se na zona da amadora, onde pretende informar e consciencializar a população para as consequências trágicas da mutilação. a Morabeza, distinguida com o 2. º prémio, de 10 mil euros, também pretende colmatar o grande desconhecimento do público em geral sobre o tema, mas através da dinamização de artistas, segundo Filipa Costa, responsável pelo projeto. Entre as iniciativas previstas estão um protocolo com a Faculdade de Belas artes de Lisboa, uma residência artística, visionamento e debate de documentários sobre a prática e um concerto musical.