Gilberto Reis, bispo de Setúbal, refere que há muitas pessoas que batem à porta das instituições a pedir alimentos, mas também «dinheiro para a água, para uma renda atrasada, para um remédio»
Gilberto Reis, bispo de Setúbal, refere que há muitas pessoas que batem à porta das instituições a pedir alimentos, mas também «dinheiro para a água, para uma renda atrasada, para um remédio» Nos últimos três anos triplicaram os pedidos de ajuda nas paróquias da diocese de Setúbal, afirmou Gilberto Reis, bispo naquela cidade, em declarações à Rádio Renascença. O prelado deu o exemplo de uma paróquia que há quatro anos atendia 80 famílias, com 250 pessoas, e hoje atende 300 famílias, com mais de 900 pessoas. Gilberto Reis acredita que estas são situações de carência, que se agravam em ambientes urbanos, e que muitas pessoas batem à porta das instituições a pedir alimentos, mas também dinheiro para a água, para uma renda atrasada, para um remédio. Nós temos neste momento 54 mil desempregados registados, o que é muito, e mais 30 por cento de pessoas desempregadas não registadas, o que é pior ainda, porque nem qualquer subsídio recebem, lamenta.
Em declarações à mesma fonte, Constantino Alves, pároco da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, disse serem necessárias medidas urgentes que relancem o crescimento económico em Setúbal, porque existem cada vez mais casais em que ambos estão desempregados. É como um tsunami, lento ainda, mas a catástrofe está a avançar, disse o sacerdote, perante o aumento do número de famílias que têm de abandonar a casa por não terem dinheiro para pagar a renda.
No atendimento social da Igreja de Nossa Senhora da Conceição todos os dias aparecem novas pessoas, e nem todas só de bairros problemáticos. São famílias a quem já não sobra dinheiro para comer e alimentar os filhos. Quem está no terreno, não apenas em reuniões de poder e nos gabinetes percebe que a situação está a ficar intolerável, sublinha Constantino Alves.