Cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo sobrevivem com menos de um euro por dia. Quatro estudantes de economia decidiram fazer o mesmo
Cerca de mil milhões de pessoas em todo o mundo sobrevivem com menos de um euro por dia. Quatro estudantes de economia decidiram fazer o mesmo Em todo o mundo, cerca de mil milhões de pessoas sobrevivem com 80 cêntimos por dia. Inconformados com esta situação, e querendo alertar para o flagelo da pobreza extrema, Ryan Christoffersen, Sean Leonard, Zach Ingrasci e Chris Temple, estudantes de economia do Claremont McKenna College, na Califórnia, EUa, experimentaram viver com esta quantia de dinheiro por dia. O resultado é o documentário Living On One Dollar. Os quatro jovens norte-americanos viajaram para Pena Blanca, Guatemala. Nessa pequena e subdesenvolvida região, viveram durante 56 dias, onde gastaram um total de cerca de 172 euros para os quatro.

Ingeriram cerca de 800 a 900 calorias diariamente, metade do valor recomendado. Um dia, um deles desmaiou de fome e de cansaço. Trabalharam nos campos, beberam água de um cano e dormiram no chão. as doenças também não lhes deram tréguas: dois deles contraíram E. coli e Giardíase. as despesas mostraram ser muitas para um orçamento tão curto.com cerca de 11 euros e 50 cêntimos, conseguiram comprar apenas o kit de sobrevivência: feijão preto, arroz, banana, papel higiénico, lenha e fósforos. Entretanto, recorreram eles próprios ao microcrédito para gerar lucro e criar o próprio local de cultivo. ao filmar toda a experiência, sentimos que podíamos fazer com que as pessoas que, de facto, vivem esta realidade todos os dias, fizessem esta ‘viagem’ connosco, explicou Chris Temple, um dos mentores da iniciativa, citado pela associated Press. Pensámos que ao passar por esta experiência poderíamos torná-la mais fácil de entender e mostrar, aos nossos olhos, como é a vida nestes locais, acrescenta. apesar de considerarem que podem vir a ser criticados por brincar à pobreza, os quatro norte-americanos asseguram que a ideia foi fazer com que as pessoas de Pena Blanca se sentissem parte da viagem e percebessem as alternativas de que dispõem.

Quando alguém nos diz que o filme lhes mostrou as questões sob uma nova perspetiva ou os incentivou a pedir um microcrédito, por exemplo, percebemos que valeu a pena, referiu Zach Ingrasci. Entretanto, o grupo de amigos, que chegou a dar aulas de inglês às crianças de Guatemala, começou um negócio de microcrédito sem fins lucrativos. Os estudantes esperam agora colocar o filme que gravaram nos circuitos dos festivais de cinema.