a humanidade não está preparada para tudo o que desafia ou contraria o imaginário comum daquilo que é ser humano, alertou Manuel Clemente, bispo do Porto
a humanidade não está preparada para tudo o que desafia ou contraria o imaginário comum daquilo que é ser humano, alertou Manuel Clemente, bispo do Porto No âmbito de uma conferência que integrou o ciclo comemorativo dos 50 anos do Serviço de Psiquiatria do Centro Hospitalar de São João, Manuel Clemente, bispo do Porto, disse que as pessoas não estão aptas para lidar com a deficiência. Tal acontece porque a sociedade tem um imaginário comum do ser humano, também difundido através dos anúncios publicitários, que poucos atingem e, quando o alcançam, só acontece durante poucos anos de vida. Já quando a imagem idealizada não é alcançada, utilizam-se os mil e um ludíbrios da cosmética, referiu. Neste contexto, o prelado acredita que a sociedade está pouco preparada cultural e mentalmente, para tudo o que desafie ou contrarie tão curto padrão. Estamos, basicamente, pouco disponíveis para acolher, em nós e nos outros, uma humanidade essencial em que todos caibamos. Menos ainda para percebermos que a deficiência do outro apela a um relacionamento positivo de que somos os primeiros beneficiados, em processo conjunto de humanização autêntica, frisou Manuel Clemente. Durante a sua intervenção, intitulada, Saúde mental e Deus, o prelado disse aos médicos e profissionais de saúde presentes, que a cura de um utente é todo um processo onde estão envolvidos fatores de vária ordem. a cura tem de ser global, tratando do corpo sem descurar a mente e cuidando da mente sem esquecer que o corpo é o símbolo e o modo da nossa relação com os outros. Sem exercício recíproco da relação não há cura, mental ou outra, referiu.