O reitor da Universidade Eduardo Mondlane e o bispo dos Limbombos discursaram sobe a paz em Moçambique num encontro, em Maputo, organizado por diversas confissões religiosas.
O reitor da Universidade Eduardo Mondlane e o bispo dos Limbombos discursaram sobe a paz em Moçambique num encontro, em Maputo, organizado por diversas confissões religiosas.com o desejo de estudar novos mecanismos que visem a consolidação da paz em Moçambique e de esboçar uma plataforma comum de acção, reuniram-se em Maputo representantes das diversas confissões religiosas do pais.
Os principais oradores do debate foram o reitor da Universidade Eduardo Mondlane, professor doutor Brazão Mazula e o bispo da diocese dos Limbombos, Dinis Sengulane. Dissertaram respectivamente acerca da “visão geral sobre as perspectivas de desenvolvimento de Moçambique” e sobre “o papel da religião para uma paz efectiva em Moçambique”.
O reitor da Universidade Eduardo Mondlane enfatizou a estreita relação que existe entre a paz e o desenvolvimento e como esta é ameaçada pela violência. Na sua exposição Mazula Brazão acrescentou que a violência pode ser directa ou indirecta (estrutural). a violência directa, praticada por indivíduos que directamente assassinam, é a mais difícil de controlar, ao passo que a indirecta, ou estrutural, está integrada no sistema, que embora não anule o acordo Geral de Paz, corrói os esforços para o desenvolvimento do país. No final da sua exposição, Mazula Brazão sublinhou três dimensões que a paz pode assumir: a paz ecológica, a paz racional ou mental e a paz transcendental.
Por seu lado o bispo Dinis Sengulane falou dos esforços de paz desenvolvidos pelas Igrejas durante o conflito armado. Desde as orações e cultos para pedir a Deus pela paz no país, a formação sobre a paz na Bíblia e a capacitação dos crentes para que se tornarem promotores de paz na sociedade, até ao diálogo com os políticos para os desafiar a reconhecerem que o caminho da paz está na força da razão (o diálogo) e não na força das armas.
Face à actual situação do país, o bispo dos Limbombos acrescentou que o processo de paz está recheado de desafios, como a formação e ocupação legítima dos jovens, a mobilização e distribuição mais justa dos recursos naturais do pais, o desarmar as mentes e as mãos das pessoas, o fazer do crime uma coisa do passado e ter uma consciência moralmente desperta, isto é, – acrescentou o bispo – não ter medo de ser apanhado ou descoberto, mas temer a Deus.
a consolidação da paz no país ainda espera muito das diferentes confissões religiosas, como afirmaram os participantes do encontro. Entre as vozes que se levantaram para aclamar a intervenção das religiões na consolidação da paz encontra-se a de Iraé Lundin, representante da organização DiaKonia, que afirmou que as religiões devem usar do seu poder, de forma a que o currículo sobre a cidadania para a paz se torne uma realidade no pais.
Outras intervenções sublinharam o papel que a Igreja tem na consolidação da paz e convidaram-na a intervir diante do Governo, para afirmar a necessidade de educar os cidadãos no amor a Deus, tornando a disciplina de religião parte do currículo escolar. Também foi recomendada a criação de um serviço de capelanias nos hospitais, quartéis e cadeias.
Cf. Jornal notícias, 20 e 23 de Maio 2005, p. 3 e 4, respectivamente