O reitor da Universidade Católica do Porto, Joaquim azevedo, apresentou a sua visão da Semana Social, que encerrou hoje, 25 de novembro, no Porto. O professor denunciou fortemente «o assistencialismo maternalista e clientelar do Estado»
O reitor da Universidade Católica do Porto, Joaquim azevedo, apresentou a sua visão da Semana Social, que encerrou hoje, 25 de novembro, no Porto. O professor denunciou fortemente «o assistencialismo maternalista e clientelar do Estado» a semana permitiu, à luz da doutrina social da Igreja, fazer uma reflexão bastante aprofundada sobre as circunstâncias que o país vive, começou por referir Joaquim azevedo na sessão de encerramento. Tal reflexão emerge a partir de um olhar cristão da realidade que temos diante de nós. a doutrina social da Igreja é fortemente inspiradora para todos. Quem percorre o país dá conta de dinâmicas e iniciativas incrivelmente baseadas na solidariedade e inovadoras do ponto de vista social, que não merecem o interesse dos meios de comunicação. O que leva o professor a interrogar-se como é que podemos interligar estes esforços que precisam de apoio. O estado social é muito mais eficaz, quando se baseia mais na proximidade para resolver melhor as situações que precisam de ajuda aos mais carenciados.

ao longo dos três dias de reflexão, houve mesmo muita discussão em torno do tema do trabalho. É um bem inestimável e constitui um contributo para a formação das pessoas, todo o trabalho digno e justamente recompensado. a atenção à produtividade e à competitividade, não pode acontecer destruindo o próprio trabalho, mas aumentando a qualidade da relação humana. Nada do que está a acontecer do ponto de vista da destruição do trabalho é inelutável, não há fatalidade social alguma, afirmou Joaquim azevedo. Se a economia do aço esteve subjacente à criação da União Europeia, a economia do laço pode salvar hoje a Europa do desastre social. Em termos cristãos, é a relação que cria laços. Muitas empresas baseiam a sua atividade neste modelo e são altamente competitivas. O Reitor da UCP recordou que o estado social e uma dinâmica solidária constroem-se no dia a dia em todas as organizações sociais e não apenas nas organizações assistenciais.

O assistencialismo é fundamental para dar de comer a quem tem fome. Não basta clamar por justiça e ter as pessoas ao lado a passarem fome, explicou. Sabemos bem que ao lado da assistência imediata, temos que ter no horizonte um sistema de desenvolvimento muito mais atento à justiça e à autonomia das pessoas. Criticamos facilmente o assistencialismo e chamamos-lhe até de uma forma completamente depreciativa e injusta caridadezinha, mas não verificamos o assistencialismo maternalista do Estado. Este é voltado para manter uma postura clientelar e maternalista, em que o Estado gosta de distribuir aos milhares o dinheiro que nós colocamos nas suas mãos, não cuidando absolutamente em nada da emancipação, da autonomia e da responsabilidade de quem recebe essas prestações. Esta prática é a melhor forma de fazer que os pobres sejam pobres toda a vida. É uma lógica está presente de uma forma assustadora na administração pública portuguesa. aqueles que criticam muito o assistencialismo, promovem o pior assistencialismo possível, mantendo a sociedade numa lógica de subsídio-dependência que, aliás, gostam muito de criticar.

antes de terminar a sua avaliação do trabalho da Semana Social, Joaquim azevedo referiu-se à necessidade de inovação social, de procurar novas soluções sociais. Há muita inovação social aí a nascer. É preciso dar-lhe força e projeção e também refletir sobre o que isso quer dizer. E dar voz ao que se vai realizando um pouco por todo o lado, a pequenas iniciativas que urge interligar. E acrescentou: Temos de reconhecer, dar o verdadeiro valor ao que os outros nos podem dar de positivo. E terminou, lembrando que é necessário cooperar e comprometer. São necessários compromissos muito mais assentes no contágio positivo, que não precisam de envolver o Estado. Entre os cidadãos e as suas instituições. Ver: Comunicado final