a crise atual é fruto de uma má gestão dos políticos oriundos dos partidos que sucessivamente ocuparam o poder em Portugal, principalmente a partir de 1985. Uma das perguntas que se impõe é: devem ser responsabilizados?
a crise atual é fruto de uma má gestão dos políticos oriundos dos partidos que sucessivamente ocuparam o poder em Portugal, principalmente a partir de 1985. Uma das perguntas que se impõe é: devem ser responsabilizados?O exercício da política, com destaque para aqueles que detêm o poder, sempre foi visto pelo comum cidadão como um mal, independentemente de quem o exerce. Contudo, será bom não esquecer que não podemos meter todos no mesmo saco – mesmo que o desejássemos – pois ainda há políticos que pautam o seu trabalho por valores aceitáveis. Só é pena que sejam cada vez menos, podemos dizer mesmo que é uma raridade em vias de extinção.

Enquanto houver Estado, terá que haver políticos, pois é necessário que alguém faça a gestão da coisa pública e isso deve competir a eles. O grande problema em Portugal, na Europa e no Mundo, é que aqueles que ascendem ao poder arrogam-se o direito de mandar e fazer o que lhes parece mais conveniente, muitas vezes sem atender aos seus deveres, esquecendo mesmo a população que os elegeu.

O caso português não é exceção a esta premissa. a maior parte dos políticos que tem ocupado o poder após o 25 de abril provêm de dois partidos políticos: PSD e PS. ao longo de três décadas, foram-se formando dentro destes agrupamentos – não só estes dois, mas também outros partidos menos representativos – as chamadas juventudes partidárias, que hoje já ascenderam ao poder. É o cado de Passos Coelho no PSD e de José antónio Seguro do PS, na oposição. Concretizando a ideia: o poder está agora entregue a gente formada no interior dos partidos e sem o devido enquadramento com a realidade da gestão pública. a qualidade dos protagonistas, aliada a uma experiência de vida pouco visível e ainda a pressões setoriais ou partidárias, propicia uma gestão menos eficiente do país. a democracia estará em causa? Na verdadeira aceção da palavra, podemos dizer que sim. E porquê? a democracia existe quase exclusivamente ao serviço dos partidos, os quais fazem as escolhas dos dirigentes autárquicos, governamentais e parlamentares, embora após terem recebido o mandato popular. Ou seja, os partidos da área do poder, social-democrata e socialista, condicionam em quase todas as decisões que são tomadas a todos os níveis, direta ou indiretamente. É a realidade existente. Mesmo quando parece menos plausível, assim acontece. acima dos decisores governamentais deveriam estar a justiça, por exemplo, de forma a condicionar atos irresponsáveis que fossem contra o interesse da comunidade em geral, casos de corrupção e outros que lesam os bons princípios. Poderão retorquir: mas há a Constituição da República e os poderes existentes tem que acatá-la. É verdade, deviam-no fazer, mas quando não lhes convém podem sempre dar-lhe a volta através de leis ou outros meios. É conhecido o sistema.

Mas eis-nos chegados ao momento crucial do problema: os políticos devem ser responsabilizados pelos seus atos? Em meu entender deveriam assumir esse ónus. Faz parte dos princípios de uma profissão (?) e, como tal, deveriam sofrer as consequências das más decisões tomadas que lesam o povo, que somos todos nós. Impõe-se a pergunta: e são responsabilizados? Vamos dar a palavra a Medina Carreira: Nos últimos 10 anos, nunca tivemos tanto dinheiro emprestado e nunca a economia cresceu tão pouco. Isto é responsabilidade dos políticos. Não há sanção nenhuma, é perder eleições, pegar na mala e ir para casa todo satisfeito, afirmou recentemente no programa Olhos nos Olhos, da TVI24. Na Islândia foram julgados os responsáveis pela falência do país, desde o ex-primeiro ministro, aos dirigentes dos bancos. a pergunta que deixo é: em Portugal isso é possível?