Face aos tempos difíceis que vivemos, é necessário «sair do lamento e demonstrar que a maldade não tem a última palavra», afirmou o teólogo biblista italiano Luciano Manicardi, durante a Semana Social, que encerra hoje, 25 de novembro, no Porto
Face aos tempos difíceis que vivemos, é necessário «sair do lamento e demonstrar que a maldade não tem a última palavra», afirmou o teólogo biblista italiano Luciano Manicardi, durante a Semana Social, que encerra hoje, 25 de novembro, no PortoRefletindo sobre a caridade, essência do ser da Igreja, Manicardi explicou aos numerosos ouvintes que os tempos de crise exigem a redescoberta da urgência da caridade. O momento atual diz-nos que estamos a viver tempos difíceis para a caridade, aliás difíceis para a justiça e para a razão, para a solidariedade e para a compaixão, para a fraternidade e para a humanidade. Quem mais sofre é sobretudo a humanidade débil, desfavorecida, indefesa, pobre e sem voz. O teólogo italiano refletiu sobre a caridade no panorama do hoje histórico que a Europa enfrenta. O crente em tempo de crise é chamado a ser um resistente. É exigida uma ação responsável dos crentes que sabem dar o nome às obras dos malvados e opor-lhes resistência. O tempo de hoje pode ser transformado num tesouro para viver de modo evangélico o momento no qual a maldade impera. Exige que os cristãos saibam vigiar, estar atentos, lúcidos, críticos. Os tempos de crise são propícios para viver, manifestando a diferença cristã. Exige dos cristãos que sejam responsáveis pela caridade e pela justiça hoje. O conferencista italiano remeteu os ouvintes para a necessidade de mudar de mentalidade. Trata-se de ver a realidade com olhos novos. Não basta dar voz a quem não tem voz. É necessário dar visibilidade a quem é invisível. O próximo só existe quando aceito vê-lo e encontrá-lo; torno-me próximo quando aceito ver o outro na sua necessidade, ou melhor, na sua unicidade. Tal como na parábola do Evangelho, o homem ferido atinge profundamente o samaritano, que se torna próximo da sua dor. Hoje mais do que nunca é urgente aprender a gramática do humano.