Com estas palavras Manuel Clemente, vice-presidente da Conferência Episcopal, demonstrou que a Igreja está atenta ao momento difícil que atravessamos. Entende que devemos marcar a diferença através da solidariedade cristã
Com estas palavras Manuel Clemente, vice-presidente da Conferência Episcopal, demonstrou que a Igreja está atenta ao momento difícil que atravessamos. Entende que devemos marcar a diferença através da solidariedade cristã a Conferência Episcopal (CEP) reunida em Fátima esta semana esclareceu a posição da Igreja no contexto da crise económica e social que vivemos. apelou para mais diálogo entre todas as forças sociais e políticas e exortou à solidariedade e à partilha com os mais desfavorecidos. O comunicado final da CEP é claro, alertando para uma justa aplicação das medidas com vista à recuperação da economia e finanças, em que sejam poupados os que já vivem sob o peso de asfixiante austeridade propondo uma cultura de diálogo para superar a atual crise económica. a reunião dos bispos portugueses teve o mérito de dar a conhecer uma posição mais clara e concreta, cumprindo assim a sua missão de dizer presente na atual conjuntura. Manuel Clemente foi explícito nas respostas e considerações que fez em relação a diversas questões que afligem a sociedade portuguesa, revelando uma sensibilidade social que lhe é conhecida. Quando confrontado com uma possível reunião com os senhores da troika, o bispo referiu: O encontro nunca foi pedido à Conferência Episcopal Portuguesa, fazendo notar que a Igreja e as suas instituições conhecem a realida e certamente dariam uma ideia mais precisa do que é o país. O bispo referiu que tinha todo o cabimento que a troika falasse com as instituições de solidariedade que estão no terreno. Colocado perante um convite pessoal da mesma, enquanto homem de cultura, reagiu assim: Se fosse chamado diria a verdade, que basicamente somos capazes de responder aos desafios, temos mil anos de comprovação disso mesmo, e se formos mobilizados e esclarecidos nós respondemos. Não apertem de mais, precisamos de respirar.

No que concerne às medidas de austeridade impostas pelo Governo disse que devem esclarecer o que está em questão. Não só em Portugal, como na Europa em geral, é tudo navegação à vista. Precisamos de saber se é consistente o caminho, se é por aqui que precisamos de ir, se sacrifica hoje para ganhar amanhã. alertou para a necessidade de uma pedagogia social por parte dos governantes ao enunciar que é preciso saber: Medidas quais, porquê e até onde. apesar disso, ressalvou o facto de também poder ser difícil aos governantes explicarem-se devido à complexidade do problema e por não terem os elementos necessários para o fazer.

Perante a conjuntura atual de crise de valores, não apenas ao nível económico, mas também moral, quer individual ou socialmente falando, é de louvar que a Igreja faça ouvir a sua voz e de uma forma que não deixa dúvidas. Sendo a CEP representante da Igreja Portuguesa – nessa qualidade é uma instituição de motivação – e tendo em conta que na Igreja Católica existem todas as sensibilidades políticas, conforme afirmou o bispo do Porto, seria bom que os detentores da governação tivessem isso em conta. a Igreja, não sendo uma força política, representa e acolhe boa parte do povo português e isso é suficiente para que quem governa não fique surdo ao apelo agora produzido.